quinta-feira, 14 de maio de 2015

Ainda hoje o Senhor Deus opera milagres?

Essa é uma pergunta difícil de responder. Visto que, se disser que não há mais milagres hoje como nos tempos bíblicos, estarei de mãos dadas com os céticos de plantão. Por outro lado, se disser que pululam aqui e ali milagres contínuos e extraordinários, também não estarei sendo correto em minha opinião visto que é evidente que não se operam tantos milagres como naqueles tempos. Não que Deus tenha mudado, visto ser Ele imutável (Ml 3.6; Hb 13.8). Mas os homens sim, mudam e continuam a mudar.

Como deveríamos, sendo crentes em Jesus Cristo, nos posicionar diante de tal pergunta crucial?

Certamente que para aqueles que conhecem ao Deus das Escrituras, é perfeitamente aceitável o fato de que o Senhor opera quando, como e onde quiser. Mas os incrédulos neste Deus Trino, Poderoso, Onipotente, Criador dos céus e da terra continuarão a olhar e não crer.

Porém, o pior é quando aqueles que se dizem seguidores de Jesus Cristo, negam o agir de Deus na história da Igreja e ousam afirmar a cessação dos milagres após o período apostólico. John C. Whitcomb, professor de Teologia e Antigo Testamento no Seminário Teológico Grace em Winona Lake, Indiana, EUA, escreveu um pequeno livreto de 16 páginas sob o título “Deseja Deus que os Crentes Operem Milagres Hoje?”  para tentar refutar a operacionalidade dos milagres divinos atualmente. No último parágrafo ele escreve: “Portanto, a história da Igreja confirma as evidentes inferências das Escrituras, que os sinais de milagres, de todos os tipos, cessaram com a morte dos apóstolos.”

Entretanto, Jack Deere, professor do Seminário Teológico de Dallas, Texas, também nos Estados Unidos, publicou um livro intitulado “Surpreendido Pelo Poder do Espírito” (CPAD) em que argumenta de forma categórica a sustentabilidade do operar de Deus no decorrer da história. Ele declara que foi um cético antes de passar a crer no agir sobrenatural de Deus ainda hoje: “Eu lia os evangelhos e o livro de Atos através das lentes da hermenêutica anti-sobrenatural, e, cada vez que chegava a uma história de milagre, elas me permitiam enxergar sua veracidade, mas filtravam qualquer aplicação que tivessem para os dias atuais. Como justificar a hermenêutica anti-sobrenatural? Onde, nas Escrituras, somos informados de que devemos ler a Bíblia dessa maneira? Onde, nas Escrituras, somos orientados a copiar os elementos não-miraculosos e a descartar a atualidade dos milagres?” (p.114).

E no capítulo seguinte de seu precioso livro, Deere apresenta algumas razões pelas quais Ele curava no passado e continua a curar em nossos dias visto que a Igreja pode ter mudado, mas o Senhor Deus continua o mesmo (Ml 3.6; Hb 13.8): 1) Deus cura movido pela compaixão e pela misericórdia; 2) Deus cura para glorificar a Si mesmo e a Seu Filho; 3) Deus cura em resposta à fé; 4) Deus cura em resposta às Suas próprias promessas (pp. 120-130).

Não há razão para argumentarmos de que o Senhor não opere mais milagres hoje. Isto está fora de questão. Precisamos argumentar em direção ao fato de que a compaixão do Senhor Jesus Cristo conforme demonstrada nos evangelhos, continua hoje tão válida quanto aqueles dias. Seu caráter bem como sua compaixão são perenes. Por isso escreveu o autor da Epístola aos Hebreus: “Jesus Cristo é o mesmo, ontem, e hoje, e eternamente” (13.8). 

Como bem argumentou Jack Deere: “Nenhuma dessas razões está alicerçada sobre as circunstâncias históricas que caracterizaram a Igreja do primeiro século de nossa era. Elas encontram-se arraigadas ao caráter e aos propósitos eternos de Deus. Se o Senhor curava no primeiro século da era cristã por estar motivado pela sua compaixão e misericórdia pelos que sofriam, por que retiraria Ele essa compaixão pelo simples fato de os apóstolos não se encontrarem mais entre nós? Não sente Ele mais compaixão pelos leprosos? Será que não se comove diante de um aidético? Se Jesus e os apóstolos curaram no primeiro século a fim de trazer glória a Deus, por que não iria permitir hoje que seu Filho fosse glorificado através do ministério da cura? Os propósitos bíblicos para a cura continuam válidos até hoje, À medida que nos alinhamos a eles, passamos a comprovar que, realmente, Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje e eternamente. Ele continua a curar” (p. 131).

Assim diante das assertivas de Deere, firmo minha posição crendo no poder de Deus operante ainda hoje. Embora a igreja hodierna não seja como a igreja primitiva, sendo mais secularizada e por isso mais refratária a esperar grandes coisas de Deus, sem generalizações todavia, isso não significa que o Senhor não continue a operar milagres e curas das mais variadas enfermidades. Creio firmemente na operação de maravilhas da parte do Senhor. Creio que Ele pode operar o milagre da restauração de cegos e paralíticos de nascença bem como no poder dEle em ressuscitar mortos se assim Lhe aprouver.

Creio pessoalmente que Deus opera milagres ainda hoje. Aparentemente pode parecer, diante de minha finitude, que não sejam operados em profusão. Mas pela extensão da miséria que o pecado produziu e têm produzido nos seres humanos e pelo fato incontestável do caráter do Senhor do Universo, temos de aceitar que, certamente, Ele está ativo no mundo de hoje, operando prodigiosamente quando e como quiser. Os títulos de dois dos livros mais famosos de um grande pensador cristão como foi Francis Schaeffer não nos deixam esquecer disto: O Deus Que Intervém (no original em inglês “The God Who Is There”) e O Deus Que Se Revela (“He Is There and He Is Not Silent”).

Deus Pai foi glorificado por meio da obra consumada na cruz por Seu Filho amado, o Senhor Jesus Cristo e continua a ser glorificado hoje através de milagres que pode e efetivamente têm operado (principalmente a conversão de pecadores empedernidos), visando o bem-estar dos homens, mas acima de tudo, para ser glorificado por todos que nEle creem. 

Pense nisso .....