sábado, 23 de junho de 2012

O meio ambiente em si mesmo, tem mais valor que as pessoas?


Jonas 4.9-11: "Então disse Deus a Jonas: Fazes bem que assim te ires por causa da aboboreira? E ele disse: Faço bem que me revolte até à morte. E disse o Senhor: Tiveste tu compaixão da aboboreira, na qual não trabalhaste, nem a fizeste crescer, que numa noite nasceu, e numa noite pereceu. E não hei eu de ter compaixão da grande cidade de Nínive, em que estão mais de cento e vinte mil homens que não sabem discernir entre a sua mão direita e a sua mão esquerda, e também muito animais?" 

Gostaria de tecer algumas reflexões sobre o extremismo de alguns membros do movimento ambientalista internacional, que no afã de protegerem ao meio ambiente e seus recursos, chegam às raias de idolatrar a natureza e, mais grave que isso, de forma consciente ou não, acabam colocando esta como mais importante do que os seres humanos.

Quem são os ambientalistas? São aqueles que trabalham para resolver os problemas ambientais. Procuram soluções para a poluição do ar, da água, o esgotamento das reservas naturais e também se preocupam com o crescimento constante da população, porque este fator traz consigo o aumento do consumo e também uma maior exploração dos recursos existentes no planeta. Os problemas que temos hoje no tocante à dilapidação desses recursos e à poluição do meio ambiente, envolvem e atraem ativistas que empregam tempo (muitas vezes de forma integral) e talentos para esta causa. Mas a questão é que muitos dos assim chamados ambientalistas tem como fundamento ideológico de suas ações os ensinos pagãos que levam ao endeusamento da Terra e da natureza. 

A personificação do planeta Terra é denominada de teoria Gaia. Gaia era na antiguidade, a deusa da terra na mitologia grega e romana, ou seja, a Mãe-Terra (foto). Este termo na forma como é usado hoje pelos que adoram a natureza, tem a ver com uma cosmovisão oriental, panteísta, de que a terra seria uma deusa e portanto, passível de adoração. Vejam como este texto, extraído de uma publicação do Movimento da Nova Era, demonstra claramente o que estamos descrevendo aqui: “Uma necessidade interior chama claramente a nossa atenção neste momento do período evolutivo. O chamado é para servir o bem-estar do planeta vivo, Terra Gaia.....O chamado é para fazer parte de uma consciência holística na qual todos os povos, todas as formas de vida, todos os tipos de manifestação universal são vistos como aspectos interdependentes de uma verdade única”  (Barry McWaters, Conscious Evolution, Los Angeles: New Age Press, 1981). 

Vejo uma grande contradição naqueles que se consideram intelectualizados demais para crer na Bíblia como sendo a infalível e eterna Palavra de Deus, porém facilmente aceitam o mito da terra personificada e endeusada. E nisso, atribuem tanto valor à natureza, como as florestas, os rios, o ar, o solo, as geleiras no Ártico e na Antártida, que argumentam fortemente contra o aumento da população mundial porque poderia gerar um esgotamento dos recursos e o incremento da poluição no mundo inteiro. E já se ouve de alguns setores do movimento ambientalista (muitos deles envolvidos fortemente com o ocultismo) de que é necessária a redução drástica da população no mundo para que este não venha a ser destruído em face do que possa ocorrer diante deste fato, segundo eles, calamitoso para o planeta em todos os sentidos.

No que tange ao controle populacional, temos um exemplo de muitos anos com a experiência do governo chinês que instituiu, de forma obrigatória, a política do "filho único" para tentar frear a velocidade do aumento frenético de sua população. Também com o mesmo intuito, várias entidades nos demais países apoiam o aborto como outra solução para o "problema". O ramo mais extremista dos defensores do meio ambiente já começa a considerar que pessoas idosas, doentes ou incapacitadas por problemas físicos e mentais são menos importantes que a natureza e seus recursos. A depreciação com os seres humanos certamente aumentará na mesma medida em que aumenta a idolatria para com este planeta e suas riquezas naturais.

E o que isto tudo tem a ver com o profeta Jonas, conforme o texto bíblico que inicia esta reflexão? Comissionado por Deus para ir e pregar uma mensagem de arrependimento, recusou-se e procurou fugir para um lugar distante, porém o Senhor de forma drástica fez com que o Seu servo fosse e pregasse naquela grande cidade. Assim, 120 mil pessoas se arrependeram com a mensagem e Deus mudou Seu plano de aniquilar aquele povo por causa de seus muitos pecados. Mas o profeta ficou desgostoso com a misericórdia divina demonstrada para com os inimigos de seu povo e desejou a morte. Cansado, assenta-se fora da cidade sob uma cabana que construíra para ver o que realmente Deus faria à Nínive (talvez esperando que Deus finalmente castigasse os ninivitas). Então, o Todo-Poderoso faz com que uma planta, uma aboboreira, crescesse em uma noite de tal forma que proporcionasse uma bela sombra sobre onde Jonas se encontrava de tal forma que o indignado profeta muito se alegrou. Mas, no dia seguinte, Deus envia um verme que ataca a planta e esta vem a morrer. Sem a sombra protetora daquele vegetal, o calor aumenta sobremaneira e  ele chega a desmaiar. Quando acorda, novamente tem desejos de morte.

Deus interpela então seu rebelde profeta por causa do sentimento que alimentara por uma simples planta. O texto bíblico diz que ele sentira compaixão pela morte da mesma, compaixão esta que se transforma em ira por causa do calor que voltara a sentir. Aprendemos da passagem, que em verdade, o Senhor mostra a Jonas que ele sentira um sentimento que era ilícito, porque estava direcionado a um mero vegetal, enquanto que ao mesmo tempo, ele não demonstrara o mesmo sentimento pelas 120 mil pessoas que estavam ameaçadas de morrerem em face de seus pecados, e de fato morreriam, se Jonas não lhes fosse pregar o arrependimento como Deus Lhe ordenara.

Aqui estabeleço o ponto de contato. Os ambientalistas pagãos, rebeldes a Deus, que não aceitam um Deus pessoal, Deus este que é amoroso e que se preocupa com o bem estar de Sua criação, principalmente e acima de tudo com o homem, criado à Sua imagem e semelhança (Gn 1.26) menosprezam as pessoas, mesmo alegando que querem proteger a natureza e seus recursos para o melhor usufruto da raça humana. Isto porque querem se  basear nas premissas do paganismo. Na verdade, estão em choque duas cosmovisões: a cosmovisão teísta, ocidental e judaico-cristã e a cosmovisão panteísta/monista, oriental e hinduísta-budista.

E, orquestrando tudo isto está a velha serpente, Satanás, que deseja implementar uma cosmovisão que destrona Deus e Seus mandamentos, estabelecendo uma doutrinação nas mentes das pessoas, quer sejam governos, empresas, organizações não-governamentais e até mesmo as igrejas cristãs bem como a sociedade em geral para que seja considerada prioridade máxima a salvação do planeta Terra da destruição pela poluição, estabelecendo parâmetros de sustentabilidade, que obviamente contém muitas considerações úteis e válidas para o mundo e a sociedade humana, mas outras são francamente hostis à Deus e aos seres humanos que Ele criou.

Satanás tem ódio da raça humana e deseja dominá-la e destruí-la. O vindouro Anticristo trabalhará exatamente com este intuito destruidor porque ele terá o poder do dragão, ou seja, Satanás (Ap 13.4) para inflingir sofrimento e destruição neste combalido planeta. Mas tudo isto acontecerá porque os homens têm pecado contra o Senhor e este já determinou um período na história futura para fazer recair a Sua ira sobre todo aquele que hoje recusa a oferta graciosa do Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo.

É tempo pois de a Igreja do Senhor, do povo de Deus em todo o mundo, discernir plenamente a mensagem do ambientalismo pagão a fim de não cooperar naquilo que for francamente contrário aos mandamentos do Senhor, que manda amarmos ao próximo (Mc 12.31) sem fazer distinção de pessoas (Tg 2.1-9). Também é necessário entendermos que os cristãos devem ser os primeiros a defender a natureza, porque o uso equilibrado dos recursos naturais é dever de todos, porque todos são beneficiários deles. Mas não fazemos isto por causa de alguma ideia humanista e pagã de que a Terra é viva, de que ela é a Mãe-Gaia devendo ser respeitada e adorada, mesmo que isso custe a vida de outros seres humanos.

Essa espiritualidade pagã é de inspiração diabólica. Mesmo quando alega amor aos seres humanos, porque não está fundamentada na verdade das Escrituras do AT e NT. Não reconhece a verdade suprema personificada em Jesus Cristo. Não reconhece o que a Bíblia ensina sobre o homem. E não aceita o ensino bíblico acerca da criação.

Que possamos com a ajuda de Deus entender biblicamente os tempos que estamos vivendo. 

Pense nisso. 

domingo, 10 de junho de 2012

Por um legítimo pastor de almas, por um legítimo homem de Deus

Pastor de almas. Acaso existe função mais nobre do que essa? Pode ser até que outras funções tenham igual nobreza. Mas a legítima função pastoral está um degrau acima das outras porque ela se refere ao cuidado com vidas que deverão herdar a vida eterna prometida por Jesus Cristo (Jo 5.24; 6.47; 6.54; 10.28).

Diante disso, há que se refletir acuradamente com base na Bíblia, sobre a excelência do ser pastor. Não é um ofício fácil. Não se espera que o pastor desfrute de comodidades enquanto suas ovelhas padecem por falta de alimento espiritual, a Palavra de Deus. Não é aceitável um pastor contaminado pelo vírus da avareza e do orgulho. Também não se aceita um pastor que tenha perfil de empresário, fazendo somente a gestão da igreja ou dos "negócios" eclesiais enquanto deixa de lado aquilo para o qual foi chamado conforme Atos 6.4: "Mas nós perseveraremos na oração e no ministério da palavra." 

Ser pastor é um dom de Deus (Ef 4.11; 2Tm 1.6). É lícito desejar, aspirar ao ministério pastoral, porque é obra excelente (1Tm 3.1), desde que o candidato tenha os indispensáveis requisitos (1Tm 3.2-7; Tt 1.5-9). É uma  vocação espiritual (1Tm 4.14). O pastor, o verdadeiro pastor chamado por Deus, demonstra várias outras qualidades no exercício de seu ministério tais como: Fidelidade e diligência (1Co 4.1,2; 1Tm 4.6-16); zelo na pregação da verdade bíblica (2Tm 4.1-5); humildade (1Pe 5.1).

Tanto as epístolas de 1 e 2 Timóteo e Tito como também 1 e 2 Tessalonicenses denotam muito bem sobre o que o pastor deve ser e fazer. Em 1Ts 2.1-6, Paulo descreve a natureza da liderança pastoral. Ele usa as figuras da mãe (1Ts 2.7,8), do trabalhador (2.9), do membro de uma família (2.10) e do pai (2.11,12).

Certamente a influência do secularismo se faz muito forte na igreja hodierna. E isto naturalmente afetou a essência do ministério pastoral. Muitos pastores hoje, em praticamente qualquer nação do mundo, não exercem seu ministério (se é que muitos efetivamente possuem tal dom) como a Bíblia ordena de forma clara e iniludível.

Tomemos o exemplo da visitação pastoral. Está quase que totalmente raro, salvo honrosas exceções, encontrar um pastor que dedique-se a visitar suas ovelhas. Muitos estabeleceram que, se o crente vai aos cultos e ouve a pregação da Palavra, é o que basta. Esse pastor tem em conta de que essa ovelha já está devidamente alimentada e pastoreada. Mas a Bíblia claramente ensina: "Procura conhecer o estado das tuas ovelhas; põe o teu coração sobre os teus rebanhos."  A Nova Versão Internacional (NVI) verte esta passagem assim: "Esforce-se para saber bem como suas ovelhas estão, dê cuidadosa atenção aos seus rebanhos." Entendo este versículo como uma recomendação clara do Espírito Santo para que o pastor não negligencie o cuidado pastoral devido. Visitar o crente em sua residência proporciona ao pastor da congregação, a oportunidade de ouvir sem distrações aquela ovelha (algo difícil de acontecer antes ou depois de um culto, por exemplo) e ministrar diretamente sobre a vida. Muitos cristãos por essa razão, procuram um outro ministério onde o pastor seja realmente interessado em efetivamente pastorear, aconselhar, ministrar, conduzir, porque não se pode admitir que isso seja feito somente pela palavra pregada de púlpito domingo após domingo. O contato pessoal do pastor com suas ovelhas de forma individualizada é muito importante no ministério pastoral.

Além de alimentar ao rebanho com a Palavra de Deus, pregando e ensinando a mesma (desnecessário dizer que o pastor é um homem de leitura e que estuda diariamente as Escrituras, 1Tm 4.13; 2Tm 2.15) o pastor deve supervisionar o rebanho, liderando-o por meio de seu exemplo de vida. É por isso que torna-se inaceitável e porque não dizer, insuportável, homens assim chamados pastores que exercitam-se diariamente na avareza, fazendo do ministério um cabide de emprego e fonte de lucro, porque só visam o enriquecimento pessoal às custas do rebanho. Como podem ser exemplo desta maneira? Como podem ser um referencial seguro, visto que a Bíblia manda imitar a fé deles e atentar para a forma como vivem (Hb 13.7)?      

Os profetas Jeremias e Ezequiel tem palavras duras contra este tipo de pastor, leiamos: "Portanto, assim diz o Senhor Deus de Israel, contra os pastores que apascentam o meu povo: Vós dispersastes as minhas ovelhas, e as afugentastes, e não as visitastes; eis que visitarei sobre vós a maldade das vossas ações, diz o Senhor"; "Ovelhas perdidas têm sido o meu povo, os seus pastores as fizeram errar, para os montes as desviaram; de monte para outeiro andaram; esqueceram-se do lugar de seu repouso"; "As minhas ovelhas andaram desgarradas por todos os montes, e por todo o alto outeiro; sim, as minhas ovelhas andaram espalhadas por toda a face da terra, sem haver quem perguntasse por elas, nem quem as buscasse";"Vivo eu, diz o Senhor Deus, que, porquanto as minhas ovelhas foram entregues à rapina, e as minhas ovelhas vieram a servir de pasto a todas as feras do campo, por falta de pastor, e os meus pastores não procuraram as minhas ovelhas; e os pastores apascentaram a si mesmos, e não apascentaram as minhas ovelhas" (Jr 23.2; 50.6; Ez 34.6,8).    

Eu tenho por certo que Deus é incansável em Sua tarefa de levantar pastores segundo Seu coração, o profeta Jeremias escreve: "E dar-vos-ei pastores segundo o meu coração, os quais vos apascentarão com ciência e com inteligência" (Jr 3.15). A excelência do ministério pastoral não pode ser aviltada por causa da visão humana falível e secularizada. Os pastores e aspirantes ao ministério não podem se render à entrada do humanismo na Igreja, de tal forma que o ministério pastoral se renda à satisfação das necessidades humanas, o homem tornado consumidor de produtos eclesiásticos, ministério antropocêntrico, ministério definido pela cultura, ministério que exalta sobremaneira a psicologia ou sociologia mudando de acordo com elas. Será sim um ministério aprovado cientificamente e relevante para o atual ambiente cultural que é regido pelos meios de comunicação e pela informática. Mas será ao mesmo tempo, um ministério desprovido de poder, de graça, descaracterizado pelo homem em seu afã pragmatista de produzir resultados palpáveis sem a chancela das Escrituras.

O ministério pastoral contemporâneo que, contrariamente, deixa-se definir pela Bíblia, tem a suficiência das Escrituras e é claramente um ministério cristocêntrico, obterá a total aprovação de Deus e terá a relevância espiritual e ministerial como sua constante. É tempo de a Igreja acordar para a diferença que existe para o pastor moldado segundo princípios humanos e o pastor forjado segundo as claras orientações das Escrituras.

Precisa-se de pastores que conduzam com excelência bíblica o rebanho de Deus. Cristo é o Supremo Pastor e Bispo de nossas almas e todos os outros são co-pastores (1Pe 2.25). Portanto, o rebanho é de Cristo e nada além do que o modelo de Cristo e as orientações das Escrituras devem reger o ministério dos co-pastores, os pastores humanos do rebanho de Jesus Cristo. Ele quer que Suas ovelhas sejam apascentadas (Jo 21.15-17) mas esse ofício é revestido de tal nobreza que somente se validará debaixo inteiramente da vontade divina. O amor que Cristo devota a nós, suas ovelhas, deve ser almejado por todos aqueles que desejam cuidar de vidas.

A todo pastor que leu essas linhas, convido a pensar seriamente sobre tudo isso. Deus abençoe sua vida e seu ministério, sendo ele conforme a vontade expressa de Deus!