quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Com Jesus, que 2012 seja melhor para você……


Como 2012 pode ser melhor do que o ano que termina? A pergunta procede porque precisamos avaliar as perdas e ganhos do ano que está terminando. Se alcançamos o que planejamos em seu início. Se perseveramos em proseguir rumo ao alvo proposto, ou se desistimos ou ainda, se tentando um atalho para conseguirmos mais facilmente chegar, lamentavelmente tenhamos errado e fracassado dessa maneira. Parece assim que o nosso saldo é desfavorável. Chegamos assim ao fim de 2011 com a sensação de que as coisas realmente não andaram bem. Mas quero lembrar do grande exemplo do 16º presidente dos Estados Unidos. Você sabe quem foi ele? Abraham Lincoln. Ele sofreu inumeráveis derrotas pessoais antes de, aos 51 anos de idade, chegar ao topo de dirigente máximo da nação. Qual o seu segredo? Perseverança, persistência. Ele não desistiu até alcançar seu objetivo. Quem ler a biografia de Lincoln descobrirá como ele não se deixou abater em meio a todas as dificuldades que lhe sobrevieram. Estamos dispostos a fazer o mesmo para da mesma forma sermos vitoriosos?

Precisamos dos exemplos de homens da estirpe de Abraham Lincoln. Precisamos disso numa época de poucos exemplos confiáveis. De pessoas sem ideais e sem motivações.

Recordo agora de um exemplo bíblico notável. Josué, o sucessor de Moisés. Ele andara todo o tempo à sombra do grande líder do povo israelita. Ele viu e ouviu muitas coisas maravilhosas. A maneira como tinha comunhão com Deus, que Lhe falava bem intimamente. Até que Deus diz a Seu servo de que aquele jovem haveria de substituí-lo no comando da nação (Dt 31.14). Josué certamente, possuidor dos mesmos sentimentos e expectativas de todos nós, deve ter ficado um tanto quanto apreensivo. Ele haveria de ser o líder de um povo que somava aproximadamente 3 milhões de pessoas. Será que ele estaria habilitado para tão grande tarefa? Será que o povo o respeitaria e o seguiria em sua liderança, assim como fora com Moisés? O que ele deveria fazer?

Deus em Sua graça e misericórdia, esteve com Josué e Lhe falou assim: “Moisés, meu servo, é morto; levanta-te, pois, agora, passa este Jordão, tu e todo este povo, à terra que eu dou aos filhos de Israel. Todo o lugar que pisar a planta do vosso pé, vo-lo tenho dado, como eu disse a Moisés. Desde o deserto e do Líbano, até ao grande rio, o rio Eufrates, toda a terra dos heteus, e até o grande mar para o poente do sol, será o vosso termo. Ninguém te poderá resistir, todos os dias da tua vida; como fui com Moisés, assim serei contigo; não te deixarei nem te desampararei. Esforça-te, e tem bom ânimo; porque tu farás a este povo herdar a terra que jurei a seus pais lhes daria. Tão-somente esforça-te e tem mui bom ânimo, para teres o cuidado de fazer conforme a toda a lei que meu servo Moisés te ordenou; dela não te desvies, nem para a direita nem para a esquerda, para que prudentemente te conduzas por onde quer que andares. Não se aparte da tua boca o livro desta lei; antes medita nele dia e noite, para que tenhas cuidado de fazer conforme a tudo quanto nele está escrito; porque então farás prosperar o teu caminho, e serás bem sucedido. Não to mandei eu? Esforça-te, e tem bom ânimo; não temas, nem te espantes; porque o Senhor teu Deus é contigo, por onde quer que andares” (Js 1.2-9).

Isso foi uma injeção de motivação para Josué com toda certeza. Ele, se tinha alguma dúvida ou temor, nesse momento em que recebia a Palavra do Senhor para si, teve tudo aquilo dissipado de seu coração. Tanto é assim que a liderança que ele exerceu em Israel, proporcionando a conquista da terra de Canaã, coloca-o entre um dos grandes líderes do povo judeu. O conselho que recebera de Deus se baseava no esforço pessoal que deveria empreeender com bom ânimo (v.6,7,9) e na observância estrita do livro da lei, a Palavra de Deus (vv. 7,8).

É isso que igualmente eu e você deveremos fazer para que tenhamos um ano de 2012 com a marca do sucesso. Sucesso esse calcado nos parâmetros divinos. Não um sucesso de acordo com padrões mundanos.

Deveremos nos esforçar pessoalmente para conquistarmos posições. Para termos as vitórias. Se falo de vitórias é porque existem lutas. E a vida do cristão está carregada de lutas e tribulações. Não somos adeptos da famigerada Teologia da Prosperidade que apregoa miseravelmente de que teremos bençãos e mais bençãos e que nega toda a perspectiva de sofrimento. Jesus mesmo disse que no mundo teríamos muitas aflições (Jo 16.33). Assim, é nosso dever viver a vida cristã com fé, com os olhos fixos no Autor e Consumador desta fé (Hb 12.1,2) para que sejamos realmente vitoriosos como Deus quer e não como desejam os homens.

O outro cuidado que deveremos ter nesse novo ano que se inicia é de sermos realmente cumpridores da Palavra (Tg 1.22). O Senhor Deus aconselhara a Josué para que tivesse o cuidado devido e obedecesse à Sua Palavra, porque se assim o fizesse, ele se conduziria com prudência em tudo o que se propusesse a fazer. Ele teria o verdadeiro sucesso, sucesso este que provém da estrita observância a todo o conselho de Deus. Ou seja este seria o fator da verdadeira prosperidade. Obediência ao Senhor traz prosperidade para nossa vida. Essa prosperidade pode até incluir sim, bens materiais. Porém, novamente quero aqui advertir mais uma vez contra a insidiosa Teologia da Prosperidade, que coloca muitas vezes em primeiro lugar o dinheiro, a casa, o carro, etc. Prosperidade verdadeira se resume em andar com Deus. Nada mais e nada menos do que isso.

Que você entre então em 2012 com esse belo exemplo de Josué. Seja esforçado, batalhador, mas também, seja obediente aos mandamentos do Senhor. Não busque a prosperidade segundo padrões mundanos ou carnais, mas busque segundo a Palavra de Deus. Lembre-se sempre que jamais estaremos isentos de tribulações enquanto aqui estivermos. Note o que Paulo disse em 2Tm 3.12: “E também todos os que piamente querem viver em Cristo Jesus padecerão perseguições.” Isso é o que espera a todo crente em Jesus Cristo que decide realmente ser-Lhe fiel. Mas saiba igualmente o que disse o apóstolo Pedro: “Amados, não estranheis a ardente prova que vem sobre vós para vos tentar, como se coisa estranha vos acontecesse; Mas alegrai-vos no fato de serdes participantes das aflições de Cristo, para que também na revelação da sua glória vos regozijeis e alegreis. Se pelo nome de Cristo sois vituperados, bem-aventurados sois, porque sobre vós repousa o Espírito da glória e de Deus; quanto a eles, é ele, sim, blasfemado, mas quanto a vós, é glorificado. Que nenhum de vós padeça como homicida, ou ladrão, ou malfeitor, ou como o que se entremete em negócios alheios; Mas, se padece como cristão, não se envergonhe, antes glorifique a Deus nesta parte” 1Pe 4.12-16). Sofrer pelo Nome de Cristo, pelo fato de sermos seus seguidores fiéis, é muito mais glorioso do que o recebimento de bençãos materiais. O peso eterno que nos advém pela fidelidade e a consequente perseguição, é incalculável e de muito maior valor diante do Senhor da Glória!

Entre então em 2012 com essa santa expectativa. Procure compreender ainda mais os caminhos de Deus. Seja um discípulo efetivo do Senhor Jesus. O nosso exemplo maior provém dEle mesmo, visto que somos seus seguidores. Se fizermos isto e atentarmos para o que diz toda a Palavra de Deus, e ainda, observamos bons exemplos em homens como o notável Abraham Lincoln (que era cristão), certamente o ano que está chegando será melhor do que o ano que está no seu ocaso.

Pense nisso e feliz 2012 tendo Jesus Cristo como o centro de sua vida!

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Festival Promessas: Deus está neste negócio?


Não consigo deixar de pensar biblicamente.

Não consigo deixar de pensar no Deus da Bíblia.

Não consigo deixar de pensar na forma de agir desse Deus.

Um Deus que as Escrituras do AT e NT dizem que é: Pessoal (Êx 3.14,15); Infinito (Sl 90.2); Criador (Gn 1.1); Sustentador (Ne 9.6); Amor (1Jo 4.7-21); Santo (1Pe 1.15,16); Único (Is 45.5,6) e Trino (2Co 13.13).

Nosso Deus está para muito além das concepções humanas. Ou de especulações de cunho teológico que reduzem aspectos de Sua Augusta Pessoa (vide o exemplo da Teologia Relacional ou Teísmo Aberto).

Portanto, se cremos num Deus possuidor de tantas características singulares em Sua Bendita Pessoa e também tantos atributos - Infinitude, Eternidade, Imutabilidade, Onipresença, Soberania, Onisciência, Onipotência dentre outros - e que agiu, age e agirá no Universo que Ele mesmo soberana e poderosamente criou, onde TUDO - absolutamente TUDO - está em Suas mãos, até mesmo seu principal opositor, Satanás, que nada pode fazer se Ele, o Senhor dos Exércitos não permitir (Jó 1.11,12; 2.5,6). Este grande e maravilhoso Deus que já reina nos corações de tantos quantos Lhe temem. E que finalmente reinará (com o banimento final de Satanás, do mal, do pecado e da morte) no fim dos tempos, onde Seu Filho, nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, Lhe entregará o reino e Ele então - DEUS - será tudo em todos!

Diante desses fatos portentosos e desse inigualável Ser Divino, um Deus que continua a trabalhar por meio de Seu Santo Espírito nas vidas dos pecadores para trazê-los à comunhão Consigo por meio de nosso Senhor Jesus Cristo (Jo 16.8-11) como eu poderia pensar de que Ele absolutamente não estaria agindo num evento como esse, o Festival Promessas?

Este evento dividiu opiniões entre os servos de Deus. Eu mesmo dialoguei com alguns via Facebook que não concordaram com a realização do evento. Foi falado de que era um mero show gospel e não um culto de pregação da Palavra para a conversão dos ouvintes ao Evangelho; foi citada a aliança entre a Rede Globo e os cantores que participaram do evento e que foi visto negativamente como algo espúrio, algo abominável. Além disso, li num blog de um estimado pastor que admiro por sua postura e seus textos de que ele não assistira o Festival Promessas porque: 1) A motivação da Globo seria exclusivamente financeira; 2) Para igualar-se com a Rede Record, tentando trazer para seu lado milhões de evangélicos decepcionados com a TV de Edir Macedo; 3) A crítica contra o show business evangélico; 4) A assim denominada indústria de entretenimento gospel.

Eu quero dizer aqui que concordo com as premissas do autor. Também sou contra fazer de Deus e das coisas de Deus objeto de lazer e descontração. Também não concordo com os shows gospel naquilo que eles tem de comercial, o apóstolo Paulo falou de homens privados da verdade, supondo que a piedade é fonte de lucro (1Tm 6.5). Quanto às brigas das emissoras, acho lamentável que o Evangelho e o Nome de Cristo estejam no meio desse negócio, algo que é totalmente mundano e abominável, bem como o desejo indisfarçável da Globo de conquistar o público evangélico para si, sabendo de antemão que muitos lucros obterá nessa conquista.

Entretanto, como mencionei várias vezes no bate-papo do Facebook com os amados que ali estavam no domingo à tarde logo após à exibição do Festival, mesmo em meio a todas essas contradições e ambiguidades, mesmo em meio ao amor ao dinheiro, ao lucro, conquista de audiências, enfim, eu quero ressaltar a MULTIFORME SABEDORIA E GRAÇA DE DEUS (Ef 3.9; 1Pe 4.10) que age em meio ao pecado e a mesquinhez e interesses escusos dos homens.

O povo de Israel no deserto foi testemunha dessa graça inigualável. Um povo que fora resgatado com mão forte da escravidão no Egito pelo Deus de Abraão, Isaque e Jacó, e que passara a ser o povo exclusivo de Deus, o povo da aliança. Que recebeu a Lei pelas mãos de Moisés, que comeram de um só manjar espiritual, beberam da mesma fonte espiritual, beberam de uma pedra espiritual e essa pedra era Cristo, todavia, não se agradou Deus da maioria deles (1Co 10.1-5). E a advertência segue-se, para que também não cobicemos coisas más, não sejamos idólatras, não pratiquemos a imoralidade e nem murmuremos (10.6-12). Tudo isto é para exemplo nosso, a fim de que não pratiquemos as mesmas coisas.

Mas temos o firme testemunho de que mesmo assim, Deus em Sua longanimidade continuou a conduzir os remanescentes do povo, os que haviam nascido no deserto mais Josué e Calebe e fez com que entrassem em Canaã conforme prometera. Deus continuou a trabalhar. Este povo de Israel precisava ser testemunha para as nações em redor das ações soberanas do Senhor e trazer muitos ao Seu conhecimento. Ele continua a agir hoje também. Por meio dessa graça que atuou no passado e continua a agir hoje, é sob esta graça que vejo o Festival Promessas. Não quero simplesmente criticar e elencar várias premissas negativas em relação ao evento, como disse, muitas delas válidas senão a maioria, como me reportei ao amado pastor e seu blog. Mas não consigo deixar de pensar em Deus agindo, trabalhando, de alguma forma misteriosa em tudo isso.

Lembremo-nos do que Jesus disse: "Não te maravilhes de te ter dito: Necessário vos é nascer de novo. O vento sopra onde quer, e ouves sua voz, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito" (Jo 3.7,8).

Assim age e continua a agir o Espírito Santo. Ele é o agente do novo nascimento. E assim como o vento que sentimos em nosso rosto, ouvimos seu ruído, mas não sabemos de onde veio e nem para onde foi assim é o agir do Espírito de Deus. Não quero deixar de entender isso, de olhar esse aspecto tão maravilhoso no Ser de Deus. Essa ação levada a cabo pelo Espírito Santo se dá exatamente em meio às lamentáveis fraquezas humanas.

Você pode dizer como uma amiga no Face falou para mim: Mas Cicero, não era um culto, era um show. O que você pode esperar de um show gospel?" Verdade, mas.....mediante tudo que escrevi agora pouco, pense melhor.....acaso o Espírito de Deus agiria somente dentro de uma igreja, em meio a um culto como comumente conhecemos ou Ele não é soberano para agir em meio a um show gospel também?

Essa mesma amiga (que prezo muito, é uma mulher de Deus) escreveu em seu blog que "a Igreja de Jesus nunca precisou da Globo para nada". Verdade. Disse também que "se os evangélicos cresceram não foi por conta da Globo e muito menos por conta do evangelho puro e simples de Jesus, mas porque pregam o "Euvangelho" que satisfaz o ego da grande multidão".

Novamente concordo com minha amiga. Hoje se prega um Evangelho antropocêntrico que é centrado no homem e não em Deus. Muitas vezes a glória é dada aos propagadores desse falso evangelho enquanto Deus fica com as honras menores por assim dizer. Acredito sim que há muita superficialidade em meio à suposta piedade do assim denominado "povo de Deus".

Mas continuo insistindo que, mesmo em meio a tudo isso, a graça multiforme do Senhor age. E continuará assim até o retorno de Jesus Cristo. Deus não vai deixar de trabalhar para salvar aos pecadores por causas de nossas inadequações como Igreja no entendimento e na prática do verdadeiro Evangelho. Posso citar aqui o exemplo notável de Neemias que não deixou o trabalho de reconstrução do muro em redor de Jerusalém por causa das conspirações e ameaças de seus inimigos, mas perseverou até a conclusão da obra. Assim é o nosso Deus e assim é todos quantos entendem e recebem isso.

Que possamos dizer como Neemias: "Agora, pois, ó Deus, fortalece as minhas mãos" (Ne 6.9b). Mesmo com as divulgadas más intenções da Rede Globo, ou a reconhecida questão de uma Igreja apegada a pressupostos questionáveis na sua vivência do Evangelho, continuemos a trabalhar também como o Senhor trabalha porque, não nos esqueçamos, somos cooperadores em Sua maravilhosa obra (1Co 3.9).

Convido-vos humildemente a pensar sobre isso! Em o Nome de Jesus!


quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Contra a lei da palmada, a lei da intromissão

Ora, é no mínimo revoltante constatar que os governistas querem legislar no âmbito da educação familiar, na criação de nossos filhos dizendo a mim e a você que não poderemos mais bater em nossos filhos quando for necessário. Que história é essa? Contra essa tal LEI DA PALMADA deveria ser votada a LEI DA INTROMISSÃO - "Todo governante a partir dessa data está proibido de votar alguma lei que viole o direito de cada um de educar os seus filhos como lhe convier, resguardado todo excesso, tais como, socos, pontapés, chibatadas ou utilização de qualquer intrumento que cause perfuração, ferimentos ou queimaduras. Fica garantido o direito de cada pai ou mãe de, se assim entender, usar a vara conforme a Palavra de Deus explicitamente ordena em Provérbios 13.24; 22.15; 23.13,14; 29.15,17. Ou, substituir a vara por palmadas. Está vetado portanto, a qualquer governante, opinar ou querer impor alguma lei sobre o direito de cada pai ou mãe de castigar seu filho dessa maneira se necessário for."

Acredito piamente que uma educação nos moldes bíblicos não deformará o caráter de ninguém. Esses educadores modernos acham que sabem mais do que DEUS que nos criou. Que nos revelou por escrito Sua Palavra dizendo exatamente quem somos, o que Ele fez por nós por meio de Seu Filho, Jesus Cristo, e como podemos viver de maneira agradável a Si e em comunhão e entendimento com nossos semelhantes.

É a Bíblia portanto, o nosso manual por excelência. Ela ensina como o ser humano deve viver. Dentre seus vários ensinamentos está a educação dos filhos. O Senhor Deus tencionou que pudéssemos criar a nossos filhos de acordo com Sua vontade. A Bíblia não nega quem realmente somos e trata com bastante clareza de muitos assuntos. A educação dos nossos filhos está dentro deste bojo.

Em Deuteronômio capítulo 6, diz o Senhor ao pai israelita de que ele não só deveria guardar a Sua Palavra (6.1-6) como igualmente ensinar a seus filhos (v.7, 20-25). Este ensino, era o referente aos mandamentos divinos que o Senhor havia promulgado por intermédio de Moisés. Começava cedo essa educação, por volta de três anos quando já sabiam falar. Orações e cânticos eram aprendidos por repetição tal como nos dias atuais. O pai ensinava ao menino a religião, a história de seu povo e uma profissão. A mãe ensinava à menina tudo o que se referia às tarefas do lar, a terem boas maneiras e um alto padrão moral. Esses eram os paradigmas habituais da educação no lar israelita. Mas a Bíblia não esconde o caso de pais que falharam em educar seus filhos, como foi o caso do sacerdote Eli (1 Sm 2.12-36) e do rei Davi (1 Re 1.5,6).

A disciplina aos filhos está bem definida na Palavra de Deus. A Bíblia exorta aos pais terem uma postura equilibrada. A Bíblia não endossa espancamentos. Ou xingamentos, agressões verbais contra nossos filhos. O que Deus ordena é que haja disciplina ponderada. O texto em Efésios 6.4 diz: "E vós, pais, não provoqueis a ira dos vossos filhos, mas criai-os na disciplina e instrução (admoestação) do Senhor" (Almeida Séc. 21).

Outro texto que não deixa dúvida de que a disciplina provém de Deus e temos de exercitá-la está em Hebreus 12.4-11, leiamos na íntegra: "No combate contra o pecado, ainda não haveis resistido a ponto de derramar sangue. Já vos esquecestes do ânimo de que ele vos fala como a filhos: Filho meu, não desprezes a disciplina do Senhor, nem fiques desanimado quando por ele és repreendido. Pois o Senhor disciplina a quem ama e pune a todo aquele que recebe como filho. É visando à disciplina que perseverais, Deus vos trata como a filhos. Pois qual é o filho a quem o pai não disciplina? Mas, se estais sem disciplina, da qual todos se têm tornado participantes, então, não sois filhos, mas filhos ilegítimos. Além disso, tínhamos nossos pais humanos para nos disciplinar, e nós os respeitávamos. Logo, não nos sujeitaremos muito mais ao Pai dos espíritos, e assim viveremos? Pois eles nos disciplinaram durante pouco tempo, como bem lhes parecia, mas Deus nos disciplina para nosso bem, para sermos participantes da sua santidade. Nenhuma disciplina parece no momento motivo de alegria, mas de tristeza. Depois, porém, produz um fruto pacífico de justiça nos que por ela têm sido exercitados" (Almeida Séc. 21).

Ora, o texto claramente diz que há efeitos benéficos em disciplinar um filho. Deus mesmo, como nosso amantíssimo Pai celestial, nos disciplina sem dúvida alguma. E isso para o nosso bem. E, analogamente, o texto fala que os pais humanos também devem disciplinar a seus filhos, seguindo o exemplo de nosso Deus Pai. E o texto diz mais ainda, que nossos pais nos disciplinavam como bem lhes parecia, ou seja, Deus concede liberdade nisso, desde que, logicamente, não sejamos violentos ao disciplinar nossos rebentos.

Quando Salomão em Provérbios fala do uso da vara, entendemos que Deus está assim delimitando os pais no sentido de usarem um objeto definido, ou seja, uma vara (de marmelo, de goiabeira, etc) para o devido castigo do desobediente. Tenho três filhos jovens, maiores, e posso dizer portanto, de que houve momentos na educação dos mesmos, quando menores, que não adiantava somente falar, somente aconselhar ou ralhar, mas a disciplina tinha de ser física, a fim de tratar a rebeldia deles de forma bíblica. Quando o texto diz: "A estultícia está ligada ao coração da criança, mas a vara da correção a afugentará dela" (Pv 22.15) está determinada a eficácia da disciplina física. A palavra "estultícia" significa "tolice", ou seja, geralmente as crianças são traquinas, "levadas da breca" como se diz comumente e por vezes passam dos limites (estabelecidos pelos próprios pais ou outros) e devem aprender a obedecer, porque se não forem disciplinadas, se não forem ensinadas desde tenra idade, acontecerá o que está escrito em Pv 29.15b ".....mas a criança entregue a si mesma envergonha sua mãe" na primeira parte do versículo é dito que tanto a vara como a repreensão darão sabedoria à criança.

Portanto, é inaceitável qualquer tentativa do Estado em querer determinar algo que é prerrogativa exclusiva dos pais!

O Estado com essa atitude, estará temerariamente fazendo a gênese de uma geração de tolos e de insensatos. É o que diz o texto de Pv 17.21,25: "O que gera um tolo, para sua tristeza o faz, e o pai do insensato não terá alegria"; "O filho insensato é tristeza para seu pai e amargura para quem o deu à luz" (Almeida Séc. 21).

O castigo de um pai, de forma bíblica, não vai matar um filho. Provérbios 23.13,14: "Não retires a disciplina da criança, pois se a fustigares com a vara, nem por isso morrerá. Tu a fustigarás com a vara, e livrarás a sua alma do inferno."

Desnecessário dizer que os filhos devem ser educados. Devem ser ensinados a fazer as coisas certas. Devem aprender a evitar o erro. E se porventura forem teimosos, renitentes, rebeldes, a vara deve entrar em ação, ou seja, a disciplina conforme a Bíblia ordena.

Se quiserem impor essa famigerada "lei da palmada", que o povo, principalmente o povo evangélico, ajude a propor a "lei da intromissão." Para que o Estado saiba que nós, pela graça de Deus, sabemos cuidar bem de nossos filhos. Se há pais, evangélicos ou não, que passam dos limites e agridem a seus filhos, devem ser punidos sim. Para eles o rigor da lei. Mas o que não pode ocorrer é a aprovação de uma lei iníqua que deseja punir quem disciplinar seu filho em consonância com a Palavra de Deus e de forma legítima, visto que são pais e possuem autoridade que emana do próprio Pai celeste.

Quantos de nós estarão dispostos a obedecer a Palavra de Deus? Acaso vamos nós ser desobedientes a nosso Pai celestial e assim estarmos sujeitos à sua vara de correção? Onde estão os obedientes? Os sensatos? Os sábios? Precisará Deus nos disciplinar?

Pensemos juntos isso!

domingo, 11 de dezembro de 2011

Deus e Sua aliança eterna com Israel, a nação que não passará


O povo de Israel é o povo da aliança. Eles são a oliveira verdadeira. Nós, gentios dentre todas as nações, considerados zambujeiros, ou seja, oliveiras silvestres, fomos enxertados no lugar dos ramos naturais que foram cortados. Passamos então, como a Igreja de Cristo, a fazer parte da raiz e da seiva da oliveira verdadeira, Israel (Rm 11.16-24).

Mas isso jamais elimina o fato de que Israel continua a ser o povo da aliança. O povo a quem o Senhor dos Exércitos estabeleceu uma aliança desde Abraão (Gn caps. 12,15 e 17). Este é o pacto central. Deus prometera a Abraão quatro bençãos: 1) Benção pessoal - Um grande nome; 2) Benção territorial - Vasta extensão de terra prometida aos seus descendentes; 3) Benção nacional - Uma grande nação; 4) Benção espiritual - Todas as nações seriam abençoadas na semente de Abraão.

E o apóstolo Paulo confirma isto ao dizer em Rm 9.5 que dos judeus, ou seja, dos descendentes de Abraão, procede o Messias, Jesus Cristo, Deus bendito eternamente que se fez carne por nós para nos trazer uma eterna salvação.

Depois ainda deparamos com a aliança mosaica (Êx caps. 20 a 23), onde as bençãos prometidas a Israel estavam sob a condição de obediência de toda a nação. Temos a aliança palestínica (Dt caps.28 a 30). Deus promete a terra da Palestina de forma perpétua a Israel, mas a permanência nela fica sob condição de obediência. Há também a aliança davídica (2Sm 7.10-16) onde o trono de Israel é prometido aos descendentes de Davi como possessão perpétua (Cristo, descendente de Davi, e o herdeiro legítimo, eterno e perfeito desse trono). Também declinamos aqui a aliança espiritual (Gl 3.8) onde a "justificação pela fé" seria oferecida através da semente de Abraão.

Nesta semana, estava meditando no texto de Jr 31.31-40, que fala de uma nova aliança. Esta nova aliança com Jeremias seria estabelecida a fim de substituir a aliança mosaica no que diz respeito às bençãos pessoais na nova dispensação em Israel. Retiro agora da Bíblia de Estudo Vida Nova o que se segue:

1) Essa nova aliança iria substituir a antiga aliança que Israel havia quebrado, a aliança mosaica (Jr 31.32; Hb 8.7,8).
2) Seria uma aliança de graça e não de obras (31.32; Hb 8.6).
3) Esta nova aliança promete o novo nascimento mediante o qual, a lei de Deus é escrita nos corações de Seu povo (31.33; 32.39; Hb 8.10; 10.16).
4) A nova aliança promete a conversão da nação de Israel a Deus (31.33,34; 32.38; Hb 8.10).
5) A nova aliança promete o perdão dos pecados (31.34; Hb 8.12; 10.17).
6) A nova aliança promete a vinda de bençãos de Deus sobre Israel (32.39,40).
7) A nova aliança é um pacto eterno (32.40).
8) Embora a nova aliança tivesse sido expressamente feita com os filhos de Israel, a epístola aos Hebreus aplica os benefícios da graça, que fluem dessa nova aliança, à Igreja. O atual ministério de nosso Senhor baseia-se em Seu ofício medianeiro de Seu melhor pacto (Hb 8.6). O privilégio dos crentes, durante nosso tempo, de entrar no Santo dos Santos através sangue de Jesus, diz respeito a essa nova aliança (Hb 10.14-22). A ceia do Senhor baseia-se sobre a nova aliança (Lc 2.20). Finalizando, isso não significa que a nova aliança deve ser entendida como declaração de que as promessas milenares a Israel não tenham de ser observadas. Essas promessas serão cumpridas (Rm 11.26).

Por isso abismado com a ousadia de líderes como o presidente do Irã, ou os terroristas do Hamas ou do Hezbollah, que querem a destruição da nação judaica. Eles anseiam varrer a Israel do mapa, assim como Hitler quase conseguiu ao matar seis milhões de judeus na Segunda Grande Guerra. O antisemitismo vem de longe. Na Idade Média, por exemplo, os judeus foram acusados pela peste negra que devastou a Europa, entre os anos de 1340 e 1350. Milhares foram mortos em mais de 350 cidades européias. Foram estrangulados, queimados vivos, afogados, linchados, enforcados. A Inquisição, o nefasto tribunal instituído pelo Catolicismo romano para caçar os "hereges" matou muitos judeus na Espanha e em Portugal. Nos sécs. 19 e 20, na Rússia, ocorreram os "pogroms", ou seja, ataques violentos e maciços contra os judeus e a destruição de suas casas, de seus negócios e de suas sinagogas. Milhares foram mortos nessas perseguições.

Esses são alguns dos poucos exemplos de como Satanás intentou e ainda continua agindo contra a presença do povo judeu no mundo. Mas o texto de Jeremias 31 deixa bem clara, de forma absolutamente cristalina para quem quiser ler, a eternidade da nação de Israel. Esta nação jamais passará. De forma linda e solene, o texto dos versículos 35 a 37 dizem-nos assim: "Assim diz o Senhor, que dá o sol para a luz do dia, e as ordenanças da lua e das estrelas para luz da noite, que agita o mar, bramando as suas ondas; o Senhor dos Exércitos é o seu nome. Se falharem estas ordenanças de diante de mim, diz o Senhor, deixará também a descendência de Israel de ser uma nação diante de mim para sempre. Assim disse o Senhor: Se puderem ser medidos os céus lá em cima, e sondados os fundamentos da terra cá em baixo, também eu rejeitarei toda a descendência de Israel, por tudo quanto fizeram, diz o Senhor."

Lemos de forma absolutamente esclarecedora, de que assim como não haverá de falhar o funcionamento do sol e da lua e também como é impossível serem medidos os céus ou sondados os fundamentos do planeta Terra, assim também a nação de Israel para sempre permanecerá.

Quando Deus fez as promessas ao patriarca Abraão, Ele tinha diante de Si a eternidade. Não fez as promessas ao Seu servo visando tão somente a dimensão do tempo e do espaço, pois o Santo habita justamente a eternidade, conforme escreve o profeta Isaías (57.15). Assim, nos quedamos maravilhados diante da profundidade do que Deus pactuou com Israel, e mesmo que Seu povo tenha sido rebelde, isso não anularia as promessas de forma alguma.

Alegremo-nos portanto, ó Igreja do Senhor, porque somos participantes destas bençãos. Estamos enxertados na oliveira verdadeira como disse anteriormente. E ainda ocorrerá a conversão nacional do judeus conforme se lê no livro do profeta Zacarias (12.10). Quando Jerusalém estiver cercadas pelos exércitos do Anticristo, o Leão da Tribo de Judá, Ele mesmo, nosso Senhor Jesus Cristo, dos altos céus irromperá e derrotará de forma instantânea aos inimigos de Seu povo, e o Israel daqueles dias se converterá nacionalmente ao Senhor Jesus, a quem hoje em sua grande maioria ainda não reconhecem como o Maschiach, como o Messias que tanto aguardam.

Os inimigos de Israel continuam ativos no mundo de hoje, como os grupos neonazistas, isso inclusive aqui no Brasil. Muitos não tem nenhum temor de Deus e se declaram inimigos dos judeus, responsabilizando-os pelas mazelas que existem e que afetam a humanidade. Inclusive muitos dizem que são totalmente a favor da causa palestina, execram a Israel dizendo que os israelenses matam covardemente ao povo palestino (sem considerarem o direito do Estado judeu de se defender dos foguetes e homens-bomba do Hamas, por exemplo) Muitas mentiras grassam pela mídia, isto tudo sendo obra do diabo. Mas tudo isso não passam de infames acusações contra o povo do qual descende o Salvador do mundo. Jesus mesmo disse isso: "Vós adorais o que não sabeis; nós adoramos o que sabemos porque a salvação vem dos judeus" (Jo 4.22).

Que possamos amar e interceder pelos judeus, para que conheçam a Jesus assim como fez o apóstolo Paulo, que sentia grande tristeza e contínua dor em seu coração, porque desejava a salvação de seus compatriotas (Rm 9.1-3).

Ame os judeus. Ame a Israel. Deus não anulou as promessas concernentes ao Seu povo e nem anulará jamais, mas cumprirá tudo no tempo determinado. Pense nisso.

sábado, 3 de dezembro de 2011

Sabedoria para discernir a cultura do mundo

O cristão vive no mundo, mas não é do mundo. O Senhor Jesus disse de forma categórica em Sua oração sacerdotal no cap. 17 do Evangelho de João: "Não são do mundo, como eu do mundo não sou" (v.16). E a Palavra de Deus traz recomendações expressas sobre o cuidado que todo crente deve ter com o ambiente em que vive, o mundo. A atmosfera espiritual desse mundo é contrária a Deus e Sua vontade. Está o seguidor de Jesus em um ambiente reconhecidamente hostil. E é nesse lugar que ele deve cumprir sua missão e seu testemunho conforme o Senhor Jesus notificou na Grande Comissão (Mt 28.19,20; Mc 16.15,16; At 1.8). Então necessário se faz que o crente e a Igreja por extensão tenha sabedoria para discernir o modus vivendi do mundo, sua cultura, para que ele não se contamine, espiritualmente falando, com o que há no mundo e possa assim levar a efeito a missão que lhe é atribuída pelo Senhor de toda a terra.

Necessária se faz uma compreensão das palavras gregas que o NT usa para o termo "mundo". Existem quatro vocábulos. O primeiro deles é ge significando "terra", "campo", "chão", no sentido puramente físico, contrastando terra e céus.

A segunda palavra é oikoumene que significa "terra habitada". Outro termo é aion, que significa essencialmente "tempo" mas por extensão também inclui o "espaço", indicando assim tudo aquilo que existe sob o condicionamento do tempo e do espaço. Existe aqui também a conotação de um aspecto ético-espiritual debaixo do poder do príncipe das trevas conforme Ef 2.2; Gl 1.4; 2Co 4.4.

Mas é o último vocábulo que queremos ressaltar e é a palavra kosmos que em sua origem indicava o mundo físico com sua consequente ordem e arranjo. Este termo aponta para o universo material como um sistema que Deus criou segundo os Seus propósitos (Mt 13.35; At 17.24). Também vem a transmitir a ideia do planeta Terra como o lugar da habitação dos homens (Jo 16.21; 1Jo 3.17) vindo então o fato da humanidade em sua plena totalidade (Jo 1.29; 3.16; 4.42). Para além desses sentidos, a palavra kosmos trata do sistema de valores alienado de Deus, que direciona o pensamento dos seres humanos para se oporem ao Senhor. Por isso o kosmos jaz no maligno (1Jo 5.19, cf Jo 12.31; 14.30), as trevas espirituais reinam nesse mundo (Jo 1.5; 12.46) e tudo isso por causa do pecado que entrou no mundo por causa da desobediência de Adão (Rm 5.12). Por isso o mundo está debaixo da condenação de Deus exatamente porque se opõe a Ele e a Seus propósitos (Jo 9.39).

Então, se o mundo em que ora vivemos é marcado pela maldição do pecado e está em profundas trevas espirituais, sendo a arena onde Satanás age contra Deus e Seus filhos, devemos como crentes em Jesus ter muita sabedoria ao viver nossas vidas nesse ambiente rarefeito e hostil. Estou convencido que muitas das derrotas e fragilidades do cristão individualmente e também da Igreja como Corpo de Cristo, advém de não se saber discernir com acuidade o mundo e sua cultura.

O Pacto de Lausanne contribui para que entendamos algo sobre cultura. O parágrafo 10 diz: "A cultura deve sempre ser julgada e provada pelas Escrituras. Porque o homem é criatura de Deus, parte de sua cultura é rica em beleza e em bondade; porque ele experimentou a queda, toda sua cultura está manchada pelo pecado, e parte dela é demoníaca. O Evangelho não pressupõe a superioridade de uma cultura sobre a outra, mas avalia todas elas segundo o seu próprio critério de verdade e justiça, e insiste na aceitação de valores morais absolutos, em todas as culturas."

"Cultura" é uma palavra que não se define de forma facilitada. Pode-se definir como os padrões ou paradigmas seguidos por um determinado grupo. A cultura compreende todos os aspectos da vida humana. No centro disso há uma cosmovisão, ou seja, um entendimento amplo do caráter do mundo e do lugar que se ocupa nesse mundo. Este entendimento ou compreensão tanto pode ser em um conceito religioso (relativo a Deus ou a deuses e espíritos e a nossa relação com eles) como pode expressar em um conceito secular da realidade, como seria o caso da sociedade regida pelos padrões de Karl Marx, por exemplo.

Isso posto, acho que podemos começar a entender a necessidade de se ter sabedoria. O apóstolo Pedro diz em sua primeira epístola: "Amados, exorto-vos, como peregrinos e forasteiros que sois, a vos absterdes das paixões carnais que fazem guerra contra a alma, mantendo exemplar o vosso procedimento no meio dos gentios para que, naquilo que falam contra vós outros como de malfeitores, observando-vos em vossas boas obras, glorifiquem a Deus no dia da visitação" (2.11,12 - ARA). Peregrinos e forasteiros. Realmente é o que somos neste mundo que está em rebelião contra Deus. Aqui não é nosso lugar porque não somos mais pertencentes, espiritualmente falando, deste mundo que nascemos e crescemos e onde vivemos até agora. Pedro aconselha a deixar as paixões da carne, nossos pecados, vivendo em santidade como Deus exige. Nessa mesma epístola, porém no capítulo primeiro, o apóstolo diz, sob a inspiração do Espírito Santo, para não mais nos amoldarmos aos desejos da carne (1.14), sermos santos, assim como Deus é santo, em todo o nosso proceder (1.16), e andar, ou seja, viver sob o temor de Deus durante o tempo que vivermos aqui nesse mundo, o tempo de nossa peregrinação (1.17).

Estas coisas, o temor a Deus e a santidade pessoal, fazem parte intrínseca de nossa característica enquanto filhos de Deus que somos. Conforme 2.12, Pedro nos diz que devemos ser um exemplo para os não-crentes, agindo com correção em tudo o que procedermos nessa vida. Ora, isso nada mais é que viver com sabedoria. E é vivendo dessa maneira que saberemos discernir continuamente a cultura desse mundo. Se como o Pacto de Lausanne nos ensina que parte da cultura humana é rica em beleza e em bondade, porém manchada pelo pecado e parte dela é inteiramente demoníaca (e é só lançarmos um olhar ao nosso redor e facilmente verificaremos isso), devemos exercer um discernimento contínuo para que não caiamos no pecado de amar o mundo e seus valores corrompidos. Tanto o apóstolo Tiago ensina que a amizade do mundo é sinônimo de inimizade contra Deus (Tg 4.4), como o apóstolo João (1Jo 2.15-17). E João deixa clara a verdade de que os maus desejos da natureza humana, a vontade de ter o que agrada aos olhos e o orgulho pelas coisas da vida, tudo isso não vem de Deus, mas são coisas próprias deste mundo decaído. E o que fizer a vontade do Senhor permanecerá, enquanto o mundo e tudo o que lhe é próprio vai passar.

O discernir envolve primeiramente o deixarmos ser discernidos pela Palavra de Deus. Se eu não permitir o trabalho do Espírito Santo em minha interioridade (Hb 4.12), terei dificuldade para ter a sabedoria necessária e então discernir o mundo em redor. A segunda percepção de discernimento que deveremos possuir é o discernimento entre o bem e o mal. Sermos maduros para discernir não somente o bem, mas também o mal (Hb 5.11-14). Deus é o supremo Bem, mas Satanás é a inconfundível expressão maior do Mal. A terceira percepção é o discernimento entre a verdade e o erro. Às vezes verdade e erro podem ser confundidos com o bem e o mal. A verdade conduzirá ao bem, mas o erro levará ao mal. Por isso diz o apóstolo: "Nós somos de Deus; aquele que conhece a Deus nos ouve; aquele que não é da parte de Deus não nos ouve. Nisto reconhecemos o espírito da verdade e o espírito do erro" (1Jo 4.6 - ARA).

A verdade e o erro possuem várias dimensões de discernimento como conceituais, éticos, espirituais e teológicos. Em todos eles se trava uma luta titânica onde os espíritos enganadores (1Tm 4.1), procuram atacar os cristãos para lhes induzir ao pecado e ao erro bem como o apego à sociedade mundana e seus valores. O mundo exerce um fascínio sobre o homem, quer seja cristão ou não-cristão e precavido deve o crente estar contra estes ataques diuturnos que sofre pelo Príncipe desse mundo e seus asseclas, ou seja, Satanás e os demônios. Ora, se o diabo tentou a Jesus com o fascínio das coisas desta vida (Mt 4.8.9; Lc 4.5-7), é óbvio que também iria tentar a todos os discípulos do Senhor com tudo que o mundo decaído oferece para fazer com que estejamos amortecidos em nossa fé e por conseguinte nos afastemos de Deus e Sua vontade.

Jesus nos ensina a discernir. É ele quem diz: "Hipócritas, sabeis interpretar o aspecto da terra e do céu e, entretanto, não sabeis discernir esta época?" (Lc 12.56). Ele dissera às multidões que eles tinham sabedoria para entender o tempo, o clima, se iria vir chuva ou se haveria calor. Todavia, não tinham sabedoria para discernir o que Deus estava fazendo entre eles na Pessoa de Jesus, o Messias. Podemos aplicar esta passagem para compreendermos que discernir a cultura do mundo é fundamental para que não sejamos enganados, aceitando em nossa vida ou na Igreja aquilo que não é para ser aceito. Meditemos nas exortações do profeta Isaías (5.8-25).

Que possamos assim então buscar na Palavra de Deus a sabedoria que deveremos ter para discernir a cultura deste mundo que realmente jaz no Maligno (1Jo 5.19). Nunca antes como hoje a Igreja e cada crente individualmente, necessita dessa sabedoria que deve vir unicamente do alto, e ela é pura, pacífica, moderada, tratável, cheia de misericórdia e de bons frutos, imparcial e também é sem hipocrisia (Tg 3.17).

Querido e amado discípulo de Cristo e servo de Deus, pense nisso!