sexta-feira, 22 de abril de 2011

Devoções populares, ignorância espiritual crescente


"Nada sabem os que conduzem em procissão as suas imagens de escultura, feitas de madeira, e rogam a um deus que não pode salvar"

Isaías 45.20b

Assisti ontem a um documentário da National Geographic Channel sobre os santos populares dentro da programação referente à semana da Páscoa. Fiquei estarrecido com o nível de ignorância espiritual das pessoas e a inclinação para a idolatria evidente nos corações não regenerados pelo Evangelho. O cenário eram dois países da América Latina, México e Argentina. Mas bem que poderiam citar o Brasil, pois aqui a religiosidade popular é, lamentavelmente, muito forte.

O programa da NatGeo mostrou os "santos" mexicanos Jesús Malverde e menino Fidencio. Na Argentina apresentaram o Gauchito Gil e Gilda. Vamos a um pequeno resumo de todos eles. Os números na foto correspondem aos seus nomes.

Jesús Malverde (1) foi um bandido que viveu no início do século XX e que roubava de fazendeiros e pessoas abastadas, distribuindo depois o dinheiro entre os pobres de sua região. Após sua morte em 1909 pelo governo que mandou enforcá-lo, começaram a lhe atribuir milagres. É considerado o patrono dos narcotraficantes mexicanos e seu templo fica em Culiacán no estado de Sinaloa no México para onde acorrem as pessoas para pedir um milagre e deixam flores, velas, bilhetes e fotos. Até mesmo recipientes com camarão são deixados no altar em agradecimento por uma boa pesca.

O culto ao menino Fidencio (2), também no México, é um dos mais populares. Fidencio, nascido em 1898, era conhecido como "menino" devido sua voz ser afinada. Usava métodos de cura como um banho em um lamaçal que segundo os devotos possui propriedades curativas e também fazia uso de um balanço onde balançava os doentes até curá-los. Anos antes de sua morte em 1938, anunciou aos seus seguidores de que voltaria. Seus devotos acreditam piamente de que ele realmente retorna, na forma de espírito, cada vez que é invocado. Hoje seus seguidores buscam a cura através do espírito de Fidencio. Ou seja, seu culto é uma forma de espiritismo.

Na Argentina, o Gauchito Gil (3) é um "santo" dos mais populares. A lenda diz que ele teria nascido em 1847 e falecido em 1874 na província argentina de Corrientes. Participou da Guerra do Paraguai e também da guerra civil entre os federais e os unitários argentinos. Após ter desertado do exército, segundo se conta, por ordem de Deus que pediu para que não mais derramasse o sangue de seus compatriotas, tornou-se um "gaúcho" que conduzia o gado e praticava roubos, repartindo os despojos com os mais pobres. Foi preso e morto pelas autoridades. Desde então por alguns é considerado um gaúcho marginal e por outros um verdadeiro "santo". Sua festa é no dia 08 de janeiro data de sua morte onde milhares acorrem ao local onde está supostamente enterrado e erigido um santuário em sua homenagem. Seu culto cresce a cada ano na Argentina e já tem chegado ao Brasil e Uruguai.

A devoção a Gilda (4) é outra criação argentina. Maria Alejandra Bianchi, seu nome verdadeiro, era uma ex-professora, nascida em 1961 e que tornou-se uma cantora de cumbia, estilo de música nacional da Colômbia mas que espalhou-se pelos países da América Latina. Gilda gravou quatro discos e várias de suas músicas transcederam o universo da cumbia e foram incorporadas por setores da classe média e até mesmo cantadas por torcidas organizadas de times de futebol argentino. Gilda faleceu em 1996 no auge de sua carreira em um acidente automobilístico e enquanto vivia as pessoas lhe atribuíam milagres e curas os quais ela se negava a aceitá-los. Após sua morte, a fama de Gilda como "santa" cresceu e é hoje o novo símbolo da religião popular entre os argentinos. Milhares de devotos acorrem ao santuário erigido no local do acidente ou à sua sepultura em um cemitério em Buenos Aires.

O que dizer diante de tudo isso? O ser humano tem sede do que lhe transcende. Em Eclesiastes 3.11 (ARA) está escrito: "...também pôs a eternidade no coração do homem". Os estudiosos constataram que a religiosidade é um fenômeno universal. O ser humano é religioso. Foi constituído de tal forma que anseia e sempre ansiará por aquilo que está acima de si. Quando Deus criou o homem conforme lemos em Gênesis, é dito que ele fora criado conforme à imagem e a semelhança de Deus. Isto lhe proporciona a comunicação com seu Criador. É a única criatura que pode fazer isso. Após sua queda no pecado, o homem ficou alijado de uma comunhão íntima com o Senhor, criador de todas as coisas, mas o senso de algo acima de si, superior a si mesmo, permanece.

As civilizações e povos primitivos dão prova abundante disso. Sempre se encontram vestígios das antigas civilizações humanas de elementos de religiosidade. O homem primitivo possuía a ideia de uma Providência divina superior a ele e dona de seu destino. A fim de estabelecer relações com esta entidade suprema, começa a praticar rituais. Se não o fizer, o homem trai sua própria essência, posto que assim saiu das mãos de Deus, com sede do transcendental e do eterno.

O monoteísmo original, foi praticado pelos povos por vários séculos após a criação e queda do homem. O animismo (crença de que um espírito ou divindade reside dentro de cada objeto), a magia, o totemismo (conjunto de ideias e práticas baseadas na crença da existência de um parentesco místico entre seres humanos e objetos naturais como animais e plantas, totem é qualquer objeto, animal ou planta que seja adorado como Deus por uma sociedade organizada), o culto aos antepassados, são todos exemplos de formas degeneradas de religiosidade. Vemos que o homem é religioso porque realmente Deus o criou para que tivesse comunhão com Ele.

A consciência religiosa portanto, faz parte de nossa própria constituição. Mas o pecado alterou essa capacidade. Ela foi degenerada e quando os povos primitivos dispersos nas diversas regiões do mundo começaram a personificar ou a dar nomes próprios a Deus, conforme seus próprios idiomas, surge então o politeísmo porque começa-se a distinguir várias divindades a partir deste fato.

Portanto, entende-se essas devoções populares no México, na Argentina e outros lugares como em nossa própria pátria (poderíamos incluir na lista acima, a devoção ao Padre Cícero e outros, por exemplo) como degenerações do sentimento religioso de que é possuidor cada ser humano. Todos possuem uma sede espiritual. Todos anseiam em ter comunhão com um poder superior a si mesmo. Neste afã, vão procurar mitigar esta sede em fontes poluídas, entrando aí o engano de demônios conforme a Palavra de Deus adverte (2Ts 2.9-12; 1Tm 4.1). Jesus disse que Satanás é o pai da mentira (Jo 8.44) e de que ele, sendo o príncipe deste mundo (Jo 14.30) seria obviamente atuante em enganar os seres humanos, mantendo os mesmos longe da verdadeira adoração a Deus.

Estes "santos" são apenas alguns exemplos, porque os mexicanos mantém outras devoções. Uma delas é a adoração a La Santa Muerte por exemplo, uma estátua de um esqueleto coberta com um capuz e com foice nas mãos, ou seja, a tradicional figura da morte. Os altares e o culto da Santa Muerte podem ser encontrados em todo o México.

Mas os verdadeiros cristãos, cremos, temos a iluminação do Espírito de Deus que nos conduz à toda a verdade como Jesus Cristo nos ensinou (Jo 16.13). Ele, Jesus, é a própria verdade (Jo 14.6). Ele, Jesus, é o libertador do homem (Lc 4.19), o restaurador da cegueira espiritual. Foi Ele, Cristo Jesus quem declarou que a vida eterna consistia em conhecer ao Deus verdadeiro e a Jesus Cristo a quem Ele, Deus Pai, havia enviado para libertar o homem do pecado e cegueira espiritual (Jo 17.3).

Este Evangelho deve ser anunciado a todas as pessoas. Este Evangelho em si é poderoso o suficiente para libertar o homem das amarras do pecado (Rm 1.16). Os verdadeiros cristãos devem continuar a anunciar ao Nome do Senhor. Proclamar que, através de sua morte vicária na cruz do Calvário, pode salvar totalmente os que se chegam a Ele (Hb 7.25).

Assim acontecerá a todo aquele que crer na mensagem santa e verdadeira do Evangelho de Jesus. Não é um Evangelho adulterado, um "outro" Evangelho (Gl 1.6-9), que vai salvar o homem da idolatria dos santos populares. Aliás, o conceito de "santo" preconizado na Palavra de Deus é muito diferente do que apregoam os falsos profetas por aí. Santo é todo aquele que foi salvo por Jesus e procura a cada dia viver em obediência aos princípios bíblicos. Fica totalmente fora qualquer invencionice dos homens pecadores inspirados por espíritos malignos que tem o intuito de manter as almas ignorantes sobre a revelação de Deus em Jesus Cristo conforme a Bíblia, a Palavra de Deus cabalmente demonstra.

O apóstolo Paulo escreveu assim aos crentes em Tessalônica: "Porque eles mesmos anunciam de nós qual a entrada que tivemos para convosco e como DOS ÍDOLOS VOS CONVERTESTES A DEUS, PARA SERVIR O DEUS VIVO E VERDADEIRO" (1Ts 1.9).

Sim, eles se converteram através do Evangelho da idolatria e agora desfrutavam da comunhão com Deus e da verdadeira adoração.

Satanás teve a ousadia de exigir que Jesus o adorasse. Mas o Senhor magnificamente e de maneira honrosa a Deus Pai disse-lhe: "Vai-te Satanás, porque está escrito: Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele servirás" (Mt 4.8-10; Lc 4.6-8).

Esses, quer estejam no México, Argentina, Brasil ou qualquer outro país, necessitam da liberdade para servirem ao único Deus vivo e verdadeiro, aquele que disse: "Eu sou o Senhor e não há outro; fora de mim não há Deus.....Para que se saiba desde o nascente do sol, e desde o poente, que fora de mim não há outro; eu sou o Senhor e não há outro.....Olhai para mim e sereis salvos, vós, todos os termos da terra; porque eu sou Deus e não há outro" (Is 45.5a,6,22).

Convido você nesta sexta-feira da Paixão de Cristo a pensar sobre isso. Que o Senhor Jesus que deu sua vida por nós nos liberte de todas as algemas do Maligno. Amém!










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