domingo, 9 de janeiro de 2011

As visões religiosas do mundo e a missão cristã


É notório que existam três principais visões religiosas em nosso mundo, teísmo, panteísmo e ateísmo. No teísmo, compreende-se que Deus fez tudo o que existe. No panteísmo, Deus é tudo o que existe, e no ateísmo não se crê na existência de um Deus pessoal.

Nós, teístas e cristãos, temos bem firmada a convicção de que existe um Deus que é pessoal e que criou tudo o mais o que existe. Ele é infinito e pessoal (triúno), transcendente e imanente, onisciente, soberano e bom. As implicações e desdobramentos de cada uma dessas proposições, nos proporcionarão um quadro seguro, conforme o ensino da revelação de Deus, a Bíblia Sagrada, de um Ser Todo-Poderoso que com sabedoria, do nada trouxe à existência todas as coisas (Hb 11.3), e em especial ao homem de acordo com Sua própria imagem e semelhança (Gn 1.26).

Aqueles que professam a visão religiosa do panteísmo (como os hindus, alguns budistas e a Nova Era), descartam a pessoalidade de Deus, pois acreditam que Deus é tudo o que existe. Deus é o cosmo, Deus é tudo, nada existe que não seja Deus. Não existe distinção alguma entre os componentes do universo, este é Deus e Deus é cada componente deste universo. Ele não é diferente ou separado do universo. Deus é tudo quanto existe e tudo quanto existe é Deus.

Para os ateístas, não existe nenhum tipo de Deus. Pessoal ou impessoal, para eles, o universo sempre existiu. Não foi obra de um Criador pessoal. A matéria existe eternamente e é tudo o que existe. Deus não existe. O universo é um sistema fechado, não estando aberto para nenhuma intervenção externa, ou um Ser transcendente pois não existe nenhum ser desta natureza. Acreditam que nada vem do nada pois alguma coisa existe. E consideram que isto que sempre existiu não é o Criador transcendente, mas a própria matéria do cosmo. A matéria sempre existiu.

Este pequeno resumo das três principais visões religiosas do mundo, deveria levar-nos a refletir sobre o estado da humanidade. Quantos seriam os seres humanos que se professam teístas? Quantos se encaixam na visão panteísta? E quanto aos ateus, seriam muitos hoje?

Para a fé cristã, em sua missão de levar o Evangelho a todas as pessoas dentre todas as etnias, conhecer a cosmovisão de um indivíduo ou de um povo inteiro, pode ser a chave para uma evangelização mais eficaz. Mesmo dentre aqueles que, como nós, professam a crença monoteísta em um Deus pessoal e único como os judeus e os muçulmanos, deve-se pensar em como alcançá-los com o verdadeiro Evangelho de Jesus Cristo. Os judeus não aceitam a divindade e a messianidade de Yeshua (Jesus), continuam aguardando o advento do messias de Israel. Os muçulmanos por sua vez, também não acreditam de Jesus seja o Filho de Deus e de que tenha ressuscitado dentre os mortos. Acreditam que Jesus foi um profeta mas não tão grande como Maomé.

Se dentro da visão religiosa teísta existem estes desafios (isto para não mencionar o nominalismo, isto é, aqueles que se dizem cristãos, mas não experimentaram a realidade do novo nascimento, ou se assim aconteceu, vivem de maneira aquém do que preconiza a Palavra de Deus), que dirá dos outros dois grupos que mencionamos, os panteístas e os ateus. Os panteístas nestes últimos quarenta anos, aumentaram grandemente seu contigente, por causa da Nova Era, que não chega a ser uma religião organizada, mas é um grande guarda-chuva de ideias místicas e filosofias orientais. A visão de mundo hindu, por exemplo, invade nossas ruas e cidades através de movimentos como os Hare-Krishnas ou através da prática da Yoga que é totalmente assentada sobre a base da visão de mundo panteísta dos hindus.

Quanto aos ateus, diríamos que têm se organizado através de um recrudescente fundamentalismo por meio de seus ardorosos defensores como Richard Dawkins, Daniel Dennett, Sam Harris e outros. Através de seus livros (Deus, um Delírio, A Ideia Perigosa de Darwin, A Morte da Fé) estes autores procuram denegrir a visão de mundo teísta e principalmente a fé cristã evangélica. Afirmam sem rodeios de que sua visão de mundo é a correta e que crer em Deus é pernicioso, é anti racional. Dizem que a ciência refutou as ideias teístas e que as religiões por si só são maléficas para a humanidade.

Não declinaremos com mais profundidade sobre os desdobramentos desta forma de pensar, mas queremos chamar a atenção com esta reflexão sobre a grande necessidade que a Igreja de Cristo têm de refletir profundamente sobre sua missão no mundo e o estudo destas visões religiosas com mais inteireza a fim de que possa desempenhar melhor seu trabalho na seara do Senhor. A batalha da fé se dá fundamentalmente no campo das ideias. O apóstolo Paulo declinou com bastante propriedade sobre isto ao dizer em 2 Co 10.4,5: "Porque as armas da nossa milícia não são carnais, mas sim poderosas em Deus para destruição das fortalezas, destruindo os conselhos, e toda a altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo o entendimento à obediência de Cristo."

A missão cristã no mundo sofre porque muitas vezes não há uma reflexão na Igreja ou entre os cristãos sobre como aqueles que não conhecem a Jesus Cristo pensam. É importante, é relevante entender o pensamento deles a fim de que o Evangelho seja apresentado com mais acuidade. Isto é fundamental, uma compreensão mais competente e profunda de como os povos sem Cristo pensam, de como é sua visão de mundo particular.

O desejo de Deus é de que Seus filhos se equipem de Seu Espírito mas também que busquem o conhecimento em geral para poderem ministrar a este mundo sobre a verdade do Evangelho. Abaixo portanto o antiintelectualismo de tantos na comunidade cristã que insistem que o crente não precisa estudar, de que deve ler somente a Bíblia (e quando a lêem de fato), não sendo necessário nenhum outro tipo de literatura ou estudo complementar.

Que possamos estudar com afinco as ciências humanas para podermos ministrar mais eficazmente a este mundo. Que conheçamos muito melhor a forma de pensar das pessoas no mundo pelas quais Cristo morreu. Que o povo de Deus não seja alienado. Alienados já bastam os que não conhecem a Jesus.

Cristão amado, pense nisto!


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