domingo, 22 de agosto de 2010

Somos cooperadores de Deus na obra de Deus


Sim, é o que nos afirma a Bíblia: Porque nós somos cooperadores de Deus” (1Co 3.9a). Se somos cooperadores de Deus em Sua obra, há permissão do Senhor para exercitarmos a criatividade sem ultrapassarmos o que está escrito (1Co 4.6). Falamos assim porque infelizmente, por causa da falta de criatividade, ou medo de utilizá-la, ficam muitas igrejas e ministérios à mercê da mediocridade porque tudo se faz de forma repetitiva, enfadonha e religiosa. Nossa cooperação de Deus inclui o uso da criatividade sem medo de estarmos em pecado contra o Senhor e Sua soberana vontade.

Pessoalmente, congreguei em igrejas onde se fazia tudo absolutamente igual em todos os cultos e reuniões. Os mesmos cânticos, as mesmas orações, as mesmas formas de expressar-se. A liturgia era, muitas vezes, sofrivelmente enfadonha. A Escola Dominical decrescia pela falta de sabedoria da supervisão, porque, marcada para as 9 horas da manhã seu início, perdia-se um enorme tempo para fazer a chamada dos alunos, por exemplo. Não se concebia que o tempo maior deveria ser para a ministração da lição, por causa da limitação do horário. Cultos onde religiosamente cantavam-se os três hinos do hinário oficial. Hinos abençoados e inspirados, certamente, mas que enfadavam pela repetitividade de alguns desses que eram cantados seguidamente nos cultos. Dependendo da congregação, alguns desses hinos ganhavam excelentes arranjos e ajudavam a enlevar os pensamentos a Deus. Mas em outros lugares, muitas vezes o cântico em uníssono era terrivelmente monótono. Sem deixar de mencionar o tempo de culto onde a maior parte era utilizado para cânticos e mais cânticos, em detrimento de uma palavra de testemunho ou da parte de algum obreiro. E ai se o dirigente da congregação se não atendesse os pedidos dos cantores.

O trabalho com a juventude da igreja então era assustadoramente anacrônico. Ou seja, não atinavam os líderes que não estavam falando para uma mocidade de 30 ou 40 anos atrás. A fórmula utilizada era sempre a repetição do líder anterior. Os jovens só sabiam cantar no conjunto. Em uma das congregações em que participávamos, ensinando aos jovens em sua classe na Escola Dominical, tive que um dia mexer com os seus brios pois falei que eles só sabiam cantar, não sabiam dar testemunho, quanto mais pregar ou ensinar. Mas isto era consequência de líderes mal formados e que sabiam somente repetir o que os outros faziam. Com honrosas exceções, obviamente.

Os líderes das congregações então, quer sejam presbíteros ou pastores, irritantemente, embora fossem homens de Deus, procuravam conservar as coisas como estavam. O engessamento da tradição era visível. A nós parecia que queriam somente ali naquela congregação, cumprir o tempo determinado e nada faziam de diferente de seu antecessor. E o crente com ideias progressistas como este escriba ficava à margem. Se disséssemos para introduzir algo diferente quer seja na Escola Dominical ou na liturgia do culto, não éramos levados a sério. Não havia espaço para se discutir inovações (não doutrinárias, obviamente) mas que levassem a igreja a um dinamismo maior para cumprir a obra d’Ele. E nem quero detalhar sobre o trabalho de evangelismo, inexistente praticamente.

Hoje não pertenço mais a esta denominação já há alguns anos. E as coisas por lá será que mudaram? De forma alguma, continuamos morando perto desta igreja e vez por outra falamos com alguns irmãos e sabemos que as coisas continuam do mesmo jeito por lá. Praticam-se religiosamente as mesmas ênfases. Os crentes continuam em sua, muitas vezes hipócrita religiosidade cotidiana. Almas não estão sendo resgatadas das mãos do diabo, exatamente por causa deste status quo.

Muito pode nos ajudar no trabalho de Deus o que dizem as Escrituras. As epístolas foram escritas exatamente para o norteamento do trabalho da Igreja no decorrer dos séculos. Nossa cooperação na obra de Deus não exclui o uso da criatividade. Nosso Deus é um Deus de coisas novas, renovadas (Is 65.17; Ap 21.5). Em nossa cooperação na obra do Senhor, cremos que certamente Ele poderá nos usar para que novos tons na feitura de Sua obra sejam efetivados. O crente não pode pensar em congelamento, engessamento no que tange às coisas de Deus. Denominações há que há muitos anos tem as mesmas práticas que se ontem foram úteis para aquele momento, hoje já não mais servem. Os líderes e demais crentes devem ter a visão da renovação. Sem mudar nada na doutrina conforme recebemos do Senhor (1 Co 15.1,2),todavia, podemos e devemos sim mudar formas e práticas que não mais se coadunam no tempo presente.

Cooperadores de Deus na obra de Deus. Quanto privilégio. Mas também, quanta responsabilidade. A Bíblia diz que onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade (2 Co 3.17b). Liberdade não para vivermos no pecado. Liberdade não para vivermos na mediocridade e na mesmice. Liberdade não para vivermos em um conservantismo e tradicionalismo estéreis. Mas é a liberdade para fazer tudo para a glória de Deus (1 Co 10.31) e assim cumprir Sua obra de tal forma que vidas sejam transformadas e vidas transformadas possam crescer saudavelmente no Senhor.

Cooperar com criatividade visando o crescimento da obra sem ultrapassar os limites da doutrina bíblica. Eu creio que isto é perfeitamente possível.

Tenho procurado ser um cooperador assim, em que pese minhas inegáveis falhas.

O mundo deve nos considerar como despenseiros de Deus, servos de Cristo encarregados dos negócios do Senhor, e isto de forma fiel (1 Co 4.1,2). Não se concebe a falta de criatividade na obra de Deus visto ser Ele, o Dono desta obra, criativo por natureza.

E você, pode levar em consideração estas palavras e pensar sobre isso hoje? Que Deus te abençoe.

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