segunda-feira, 19 de julho de 2010

Vai começar o show de hipocrisia dos candidatos (não todos).....


Infelizmente vamos ter de aguentar mais um chato e anacrônico horário de propaganda de candidatos bem como ver estampada por aí as fotos dos postulantes a cargos públicos. Já adianto de que não sou contra a política como já tive oportunidade de manifestar-me no post de 17 de junho "A política como jogo de interesses pessoais e a postura cristã". Entretanto, me dá asco ver alguns candidatos, figurinhas carimbadas na política, novamente se apresentarem para pleitear cargos e mostrarem a sua "plataforma de propostas" que, obviamente, não será cumprida nem pela metade.

Revolto-me, com justa razão, porque esses vampiros da política brasileira ainda não foram exorcizados e continuam a procurar as veias do Estado para a prática de sua atividade sanguessuga e parasitária. Raposas velhas como são, sabem tudo sobre os meandros do poder. Sabem muito sobre como manter-se mais quatro anos enganando e absorvendo o dinheiro do contribuinte, ocupando de forma inútil um cargo público. Não acrescentam nada, não trabalham em cima das grandes mazelas que oprimem o povo, principalmente o pobre assalariado. O que querem na realidade é apresentar um verniz de operosidade para continuarem a se locupletar, engordando suas já abarrotadas contas bancárias.

E não me digam que por ser crente em Jesus, eu não possa falar desta forma. É lógico que, segundo a Palavra de Deus (1 Tm 2.1, 2), devemos sim interceder por todas as autoridades. Ponto. Mas a Bíblia não manda eu orar por alguém que se perpetua no poder por meio da corrupção, do "é dando que se recebe", do lobismo desavergonhado. Não. Isto decididamente não é verdade. Assim como Jesus denunciou de forma dura e veemente os fariseus e suas práticas (Mt 23), assim nós também deveremos denunciar os desmandos dos políticos de postura inadequada. Jesus não teve misericórdia da proverbial hipocrisia farisaica. Acaso nós deveríamos acobertar as falsidades daqueles que novamente estarão a nos pedir votos neste ano?

Acredito que é possível a ética na política. Acredito que existe, sim, uma minoria de políticos éticos e honestos. Que almejam o bem estar do povo. Que desejam votar leis que favoreçam os desfavorecidos. Que lutem pela justiça social. Sim, eu acredito. Devemos interceder por estes a fim de que o Senhor Deus os guie, os oriente na busca do melhor para o todo da sociedade. Estes não se encontram somente entre os cristãos. Infelizmente, os políticos que se dizem cristãos evangélicos tem envergonhado o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, ao sucumbirem à tentação do dinheiro fácil e do poder. Fora com estes também!

Como um cristão evangélico, conforme deixei bem delineado no post de 17 de junho, acredito que podem surgir hoje, políticos cristãos do quilate de Abraham Kuyper ou de William Wilberforce. O que mais eu poderia pedir a Deus do que homens desta estirpe? Homens que aborreceram a avareza, homens que tinham uma grande nobreza interior, de ideais tão elevados, que influenciaram seus respectivos países, Holanda e Inglaterra de tal forma que hoje podem muito bem servir de exemplo para a postura e a maneira de um político cristão saber conduzir-se na vida pública, ou, que sejam estudadas suas respectivas biografias para que sejam conhecidas suas ideologias e maneiras de agir que foram inteiramente baseadas no conselho de Deus exarado em Sua Palavra.

Deixe-me dizer ainda que, embora esteja decepcionado com a prática política nos dias de hoje e ache uma chatice, não só porque de fato é realmente algo maçante, mas por causa da canalhice escrachada, isto não quer dizer de que eu não vá assistir a algumas destas propagandas. Até me divirto, porque é notório que ainda existam os candidatos ditos folclóricos, que nenhuma chance terão, é claro, mas que nos divertem, isso é fora de dúvida, cito como exemplo o falecido Dr. Enéas Carneiro e seu famoso e imortal bordão "o meu nome é Enéas" (rsrsrsrsrs). Mas, em meio aos chatos de plantão e hipócritas e os humoristas e cínicos, acredito (sim, eu quero acreditar!) existem aqueles que, com seriedade, cultura, retidão, ética, honestidade, sobriedade, inteligência e despojamento pessoal, podem renovar os quadros políticos ora existentes e que tantas mazelas têm trazido a este país.

Se você que está lendo estas linhas é candidato a algum cargo eletivo, mas lá no fundo de seu coração o que deseja realmente é usufruir de vantagens pessoais, caia fora! Não seja insensato em tentar fazer isto. Ainda que você alcance sucesso em seu enojado projeto pessoal, saiba que o Deus que tudo vê (Pv 15.11) certamente trará sobre sua vida severo julgamento. Deus não aceitará de forma alguma sua hipocrisia e injustiças. Note a palavra que está em Amós 5.11, 12: " Portanto, já que esmagais o pobre e exigis dele tributo de trigo, embora tenhais edificado casas de pedras lavradas, não habitareis nelas; embora tenhais plantado vinhas nobres, não bebereis do vinho. Pois sei que as vossas transgressões são muitas, e os vossos pecados são graves; afligis o justo, aceitais suborno e negais o direito aos necessitados na porta" (Almeida Séc. 21). Temos aqui a locupletação feita em cima dos pobres, a aquisição ou construção de propriedades, a abastança pessoal, tudo isso em cima da miséria dos despossuídos. Tudo isso em cima da negação dos direitos dos pobres e da aceitação do "caixa 2".

Que haja sabedoria nos futuros governantes. Tanto nos que conhecem ao Senhor, obviamente, como naqueles que, mesmo não conhecendo-o, podem ter a nobreza de um Ciro, rei da Pérsia, o qual o Senhor Deus o chamou de "meu pastor, meu ungido" (Is 44.28; 45.1). Este rei, segundo os historiadores, era conhecido por sua benevolência e brandura e Deus usou-o a fim de trazer libertação aos exilados israelitas em Babilônia e poderem assim retornar à Jerusalém.

Os servos de Deus que porventura estejam a pleitear cargos nestas eleições ou nas próximas, além do temor ao Senhor e da ética pessoal, deveriam orar como o rei Salomão: "Dá-me, pois, agora, sabedoria e conhecimento, para que possa sair e entrar perante este povo; pois quem poderia julgar a este tão grande povo?" (2 Cr 1.10). É esta uma grande necessidade que todos têm. Sabedoria pessoal. Discernimento, igualmente. É tão corrompido o ambiente na política hoje, quer seja nos gabinetes palacianos de Brasília ou nos salões dos legislativos estaduais e municipais, que o crente deverá considerar muito diante do altar de Deus se realmente é de Sua vontade soberana de que ele ingresse na vida pública. Pois o risco de ser mais um contaminado pelo vírus da corruptocracia tupiniquim é grande.

Perdão ao meus leitores, lhes peço, se pareci irônico ou amargo nestas linhas. Porém, a indignidade é quase que insuportável diante do que presenciamos todos os dias. Não sou afiliado a nenhum partido, não tenho posição ideológica definida, não tenho simpatia por nenhum candidato ou plataforma política que seja. Também não me considero apolítico. Ou tenha opinião de que o crente não se mete com política. Não é nada disso. Medite no que escrevi acima e também no que escrevi em 17 de junho. Este é o meu pensamento.

Desejo felicidades a todos os postulantes aos cargos públicos. Mas, principalmente, desejo felicidades a todos nós. Que poderemos ser governados por trapaceiros ou por verdadeiros homens comprometidos com o bem comum. Homens de caráter, que não se vendam, que não empenhem sua honra. Precisamos urgentemente de governantes assim.

Povo brasileiro, pense nisto!

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