sexta-feira, 2 de julho de 2010

Estamos ficando muito parecidos........

Nós, crentes em Jesus Cristo, que nascemos de novo (Jo 3.3-6) e que já fomos iluminados, provamos o dom celestial, nos fizermos participantes do Espírito Santo e provamos a boa Palavra de Deus e as virtudes do século futuro (Hb 6.4,5), estamos ficando muito parecidos com as pessoas que nada disso experimentaram em suas vidas, pessoas não-nascidas de novo, portanto, no tocante a algo que faz parte da existência humana, algo que é muito natural. Falo do lazer ou entretenimento.

Já de saída, estou com isso estou querendo dizer que o crente não pode divertir-se? Que não pode ter seus momentos recreativos? Longe de mim tal aberração! O recrear-se, alegrar-se, folgar, brincar, descontrair, enfim, é algo inerente aos filhos de Deus. As alegres festas dos israelitas, estabelecidas no AT pelo próprio Deus, eram santas convocações onde Deus desejava algo que Seu povo relembrasse quanto à maneira de manifestar entre eles. Todos deveriam participar.

Fundamentalistas querem muitas vezes nos fazer crer de que o crente não deve separar tempo para atividades de lazer. Creem de que no mundo devemos sempre trabalhar e trabalhar sempre na seara do Mestre, porque o tempo é curto e Jesus breve vem. Isto é certo. De fato, cada vez mais o tempo encurta e mais aproxima-se o grande dia da plenitude de nossa salvação (1 Co 15.51-54; 1 Ts 4.16-18; 1 Jo 3.1-3). Contudo que assim seja, todavia, Deus em Sua Palavra não afirma de que seja necessariamente pecado ter momentos de divertimento. O trabalhador tem a semana inteira absorvido em sua faina diária e necessita parar pelo menos um dia inteiro para uma maior comunhão com Deus, com sua família e o desfrute de um lazer legítimo e que seja honroso a Deus. Jesus disse a Seus discípulos: "E ele disse-lhes: Vinde vós, aqui à parte a um lugar deserto, e repousai um pouco. Porque havia muitos que iam e vinham, e não tinham tempo para comer" (Mc 6.31). Eles haviam trabalhado na seara do Mestre, levado a Palavra de Deus conforme as instruções de Jesus (Mc 6.7-13), pregaram, expulsaram demônios, oraram pelos enfermos. Agora era o momento de se recrearem, de descansarem.

Jesus atendeu a um convite e foi, junto com Seus discípulos a um casamento, onde já encontrava-se sua mãe. Os casamentos judaicos eram muito celebrados, com efusiva alegria, havendo música e danças. E não venham me dizer que Jesus não haja se divertido naquela festa! Porém, há os que creem que Ele estava ali, que transformou a água em vinho e depois ficou apenas contemplando em algum canto os noivos e os convivas, sem participar da alegria, sem divertir-se, afinal Ele estava em uma festa de casamento!

Certamente é benção de Deus a alegria e está incluído aí os momentos de lazer, de entretenimento adequado e honroso a Deus. Eu digo "honroso a Deus" porque há divertimentos que não contribuem para edificação pessoal e nem para a Glória do Deus Único, mas são motivo de escândalo ao Evangelho. Nós devemos ser prudentes e criteriosos. A.W. Tozer escreveu, alertando a cristandade: "...os homens pensam no mundo não como um campo de batalha, mas como um parque de diversões.....o fato de este mundo ser um parque de diversões e não um campo de batalha foi agora aceito na prática pela vasta maioria dos cristãos evangélicos....em muitos lugares o entretenimento religioso está eliminando rapidamente as coisas sérias de Deus" (A.W. Tozer, "Este Mundo: Parque de Diversões ou Campo de Batalha?" e "O Grande Deus Entretenimento" in O Melhor de A.W. Tozer, Mundo Cristão, 1978).

Mas o que exatamente nós quisemos dizer sobre o fato de "estarmos ficando muito parecidos?" É no aspecto do estilo de vida das pessoas deste mundo. De fato, como disse Tozer, esta é uma sociedade que cultua o deus Entretenimento. E muitos cristãos maculam sua vocação, tornam-se igualmente mundanos, secularizados e tornam-se inimigos de Deus (Tg 4.4), por causa desta imitação do andar das pessoas do mundo. Elegem como prioridade, a busca do lazer e confortos mais do que levar o vitupério (afronta) de Cristo (Hb 13.13). Embaraçam-se com negócios desta vida - o lazer em excesso e como estilo mesmo de vida aí incluso. Esses cristãos passam a ver a vida em termos de divertir-se tão somente à semelhança dos incrédulos (1 Co 15.32b: "Comamos e bebamos, que amanhã morreremos"). E esta tendência tem se mostrado tão verdadeira que até mesmo a liturgia de culto tem refletido tristemente este fato. É o culto para entreter e não para adorar a Deus.

Pastores há que mais parecem apresentadores de auditório, mensagens que parecem apresentação de comediantes, com muitas pantomimas. Quase tudo conduzido sob o viés lúdico e consistindo um ambiente de entretenimento e não em um ambiente e em um momento de adoração a Deus em Espírito e em verdade (Jo 4.24). Naturalmente despreza-se a cruz, o caminho estreito, a imitação de Cristo, a renúncia pessoal para vivenciar um Cristianismo como um contínuo show num parque de diversões. Vida cristã é vida de luta, de batalha, de desapego consciente de tudo aquilo que possa nos embaraçar e que nos impede de agradar plenamente aquele que nos alistou (1 Tm 2.4,5).

O escritor aos Hebreus fala do peso ou embaraço e também do pecado (12.1). Tanto um como outro não servem ao crente, devem ser rejeitados, deixados, abandonados. Como um estilo de vida, o lazer é incompatível com a vocação cristã. E são muitos os cristãos que tem adotado este modus vivendi, de maneira que traem sua chamada para serem embaixadores de Cristo neste mundo (2 Co 5.20), acabam também esquecendo de que são peregrinos e forasteiros aqui (1 Pe 2.11). Desta forma, estabelecem-se neste mundo passageiro e adotam seus costumes perniciosos à alma, e dentre eles está o amor ao lazer em excesso, a vida vivida sob a ótica do divertimento.

A vida de todos nós constitui-se num ato de louvor ao Senhor. Tudo devemos fazer para glória de Deus (1 Co 10.31). Podemos sim ter momentos marcantes e inesquecíveis de lazer e entretenimento, sem que isto comprometa o nosso chamado, a nossa santificação. Este é apenas um simples alerta diante da tendência que está tornando-se crescente na vida de muitos servos de Deus.

Meu irmão, ore, leia e medite nas Escrituras. Faça a obra de Deus. Divirta-se, principalmente com seus familiares e irmãos na fé, todavia seja sábio. A cultura de nossa época é por demais envolvente e sedutora. Seus apelos são projetados para prender o homem em seus laços. Devemos vigiar porque poderemos nos entregar a uma vida de divertimentos sob pena de fazer disto um estilo de vida, envolvendo-nos de maneira imperceptível e contribuindo para nos afastar de Deus.

Portanto, pare agora mesmo e pense sobre isto.



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