terça-feira, 18 de maio de 2010

O Brasil que vive em terra distante


Fomos um dia uma nação que recebia um grande fluxo contínuo de estrangeiros. Hoje, temos brasileiros "exilados" em vários países deste incrível e desigual mundo. Brasileiros que decidiram sair de seu torrão natal por causas as mais variadas. Desde 1980, a principal razão para deixar o Brasil tem sido o fator econômico. A globalização tem facilitado em muito a circulação de pessoas e produtos. Os Estados Unidos, durante muitos anos, foi o principal destino dos brasileiros. A partir dos atentados de 11 de setembro de 2001 contra as torres gêmeas em New York, mais restrições foram impostas pelo serviço de imigração daquele país, de maneira que hoje o fluxo de brasileiros para o território americano arrefeceu, principalmente por causa da crise econômica que por hoje passam os americanos. Inclusive, muitos brasileiros já estão fazendo o caminho de volta para casa.

A grande massa de nossos compatriotas é constituída de trabalhadores com pouca especialização. Não importando se o destino são os EUA, ou o Japão (também outro país que recebeu muitos brasileiros), ou ainda a Comunidade Européia (muitos brazucas em Portugal, na Espanha, Inglaterra, Itália, etc), todos vão com a experiência que possuem e empenham-se para entrar no país escolhido onde se expõem a toda sorte de situações que poderá marcá-los para o resto de suas existências. Tanto na tentativa de entrar no país (muitas vezes de forma irregular ou clandestina) como ao entrarem regularmente, estarão afinal em terras estranhas. Muitos, com muita garra, determinação, uma boa saúde e uma boa dose de prudência em vários momentos, conseguem se sobressair, conseguem sobreviver e se adaptar à nova vida.

Outros, infelizmente, fracassarão por várias razões. Podem ficar retidos ao chegarem no país e do próprio aeroporto são deportados, outros conseguem entrar e, contrariamente a alguns bem sucedidos compatriotas, sofrem muito. Podem ser razões climáticas, saúde frágil, saudades dos entes queridos, dificuldades de adaptação e inserção à nova cultura, idioma, enfim, as razões do insucesso são variadas. Os sonhos de vencer em terras distantes rapidamente se desvanecem. Entendem, ainda que seja de forma tardia, que o Eldorado que tanto ansiavam poderia estar em sua própria pátria de origem, se lá permanecessem.

Não se pode generalizar as experiências das pessoas quando o assunto é morar e trabalhar no exterior. Como disse, há alguns que têm um notável sucesso na empreitada. Conheço um jovem amigo que fez um planejamento, segundo me contou, durante um ano. Juntou algumas economias, providenciou o passaporte e foi sozinho para a Espanha. Trabalhou neste país por seis meses, e depois mais seis meses em Portugal. Conseguiu ganhar algum dinheiro, que em parte enviava regularmente para sua mãe no Brasil. Após este período, volta ao nosso país, abre sua própria empresa e casa-se. Hoje, continua vivendo dos dividendos daquele período que passou fora e soube aproveitá-lo bem.

Não posso aceitar passivamente a opinião de alguns que falam que absolutamente o brasileiro não deveria deixar sua pátria para trabalhar lá fora. Isto vai da visão de vida de cada um. Do cuidado que deve ter e do momento em que vive. Um outro aspecto é sobre os que vão e voltam bem, como o meu amigo, os que vão e voltam na mesma situação de antes ou até pior (estando aí adicionado o fardo de seu insucesso), os que vão e ficam durante alguns anos e retornam (bem ou mal), e os que vão e não mais voltam. Será que este contigente perde totalmente a fé em seu país de nascimento, ou simplesmente porque bem se estabeleceram e vivem muito melhor do que se vivessem aqui?

São muitas as histórias de vida. Histórias reais, sucessos e tragédias. Histórias de casamentos desfeitos, porque um dos cônjuges foi e "esqueceu" de sua contraparte. Ou, de matrimônios realizados entre pessoas de línguas e culturas diferentes que se conhecem (o amor não tem nacionalidade; interesses pessoais também) e permitem-se a união, havendo aí uma série de desdobramentos na maior parte favorável ao imigrante (pode conseguir a residência e cidadania fixas, por exemplo).

Fico a pensar o que Deus acha de todo este fluxo de pessoas, o Brasil inclusive também ainda continua a receber cidadãos de outros países, que elegem nossa nação para viver e trabalhar, ainda há muitos de outros países que gostariam de aqui viver. A Bíblia mostra que o Senhor orientou ao seu povo Israel, que estava para estabelecer-se em Canaã, que deveriam tratar ao estrangeiro com respeito e consideração: "E quando o estrangeiro peregrinar convosco na vossa terra, não o oprimireis. Como um natural entre vós será o estrangeiro que peregrina convosco; amá-lo-ás como a ti mesmo, pois estrangeiros fostes na terra do Egito. Eu sou o senhor vosso Deus" (Lv 19.33,34). E ainda: "Pois o Senhor vosso Deus é o Deus dos deuses, e o Senhor dos senhores, o Deus grande, poderoso e terrível, que não faz acepção de pessoas, nem aceita recompensas; Que faz justiça ao órfão e a viúva, e ama o estrangeiro, dando-lhe pão e roupa. Por isso amareis o estrangeiro, pois fostes estrangeiros na terra do Egito" (Dt 10.17-19). Acredito por meio destas passagens, que o Senhor Deus pode e quer abençoar aqueles que se colocam em uma condição de estrangeiros, que saem de seu país natal e vão para outro país a fim de ganhar a vida, de procurar um melhor sustento para si e seus familiares. Não é algo ilícito, muito embora, países como os EUA coloquem muitos empecilhos para a entrada de estrangeiros. Não discutiremos este aspecto, principalmente em relação a este país que sofreu um terrível atentado e ainda hoje é alvo número do terrorismo internacional.

O Senhor é um Deus justo, que procura efetivamente abençoar a todos que honestamente procuram trabalhar para seu próprio sustento. Ele não abençoa desonestos e salteadores, anarquistas e corruptores. Em Êxodo 12.49 está escrito: "Uma mesma lei haja para o natural e para o estrangeiro que peregrinar entre vós." Portanto, penso que qualquer brasileiro deveria pensar muito bem se, para o país que pretende emigrar, existe igualdade de tratamento para o natural e para o emigrante. Nossa nação procura administrar com justiça o trato com o estrangeiro, por isso o Brasil recebeu e continua a receber a tantos.

Que o Senhor possa abençoar você, brasileiro, que bem pode, ao ler estas linhas, estar na condição de forasteiro em uma terra que lhe é estranha em tantos aspectos. Saiba que o Senhor lhe ama, deseja seu progresso, mas ainda mais, deseja habitar em você, deseja gerá-lo de novo, mudar seu coração para que possa serví-lo e glorificá-lo. Se isso acontecer em sua vida, saiba que serás então um estrangeiro novamente, porque aqueles que o Senhor Jesus resgata do mundo, tendo seus pecados perdoados e feitos verdadeiros filhos de Deus, são enviados a este mundo para anunciar a outros o que foi feito em sua vida. E este mundo torna-se então para o verdadeiro cristão, uma terra estranha, porque ele já não se conforma mais aos padrões que afastam os seres humanos do Deus vivo (Jo 14.23; 1Pe 1.23; 2.11; Jo 1.12; 17.18; Rm 12.1,2).

Se é este o seu caso, pense muito bem sobre o que acabou de ler. Deus te abençoe em Cristo, amém!

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