segunda-feira, 19 de abril de 2010

Orgulho, marca por excelência do homem pecador

Reinhold Niebuhr, teólogo alemão,escreveu o seguinte em seu livro The nature and destiny of man (1949): “Quando a ansiedade concebe, dá a luz ao orgulho e à sensualidade. O pecado do homem é orgulho quando ele procura elevar sua existência contigente à significação incondicional. É sensualidade, quando procura escapara de suas limitadas possibilidades de liberdade, dos perigos das responsabilidades de auto determinação, mergulhando nos bens mutáveis, perdendo-se em alguma forma de vitalidade natural” (p. 186).

A marca por excelência do homem pecador é o orgulho. Assemelha-se o homem com Satanás neste mister. Isto porque, a antiga serpente, ousadamente, conforme Isaías 14.12-15, intentou subir, exaltar, assentar-se e ser igual ao Altíssimo. Todos estes verbos demonstram uma só coisa: o orgulho surgido em seu coração. Foi uma atitude de rebeldia no sentido de desprezar seus limites, colocados pelo Criador. Sua tentativa de usurpação resultou na quebra da harmonia que havia entre ele e Deus. Naturalmente nasceu a hostilidade milenar entre a criatura Satanás e o Criador.

Tentado o homem pelo diabo no Éden e cedendo às suas insinuações, tornou-se semelhante a este em sua rebeldia contra o Senhor Deus. O homem também tenta ultrapassar os limites de sua condição de criatura. A partir da Queda, todos os empreendimentos humanos passam a caracterizar-se pelo orgulho, pela soberba, por sua tentativa de ser Deus. O homem tenta romper, orgulhosamente, as barreiras de sua própria finitude.

Niebuhr advoga que a história ajuda-nos a identificar pelo menos três tipos de orgulho: orgulho do poder, orgulho intelectual e orgulho moral.

No orgulho de poder, segundo Niebuhr, o homem, inseguro diante de suas naturais limitações, sente o desejo de adquirir poder para sentir-se seguro. Aprende que nas relações com outros seres humanos, o poder é fundamental para concretizar seus objetivos. Mas, como qualquer outra categoria do ter, a sede de poder tornou-se insaciável. Quanto mais adquire, mais poder o homem deseja adquirir.

No orgulho intelectual, vemos que o homem foi tentado no Éden justamente neste aspecto, a possibilidade de o homem conhecer como Deus conhece. Tenta-se aqui fazer com que a mente finita ultrapasse os limites naturais de suas possibilidades. O orgulho intelectual é a clara atitude insensata da razão humana, deixando de lembrar que ela, a racionalidade humana, somente se realiza dentro dos limites de sua temporalidade.

O orgulho moral, segundo Niebuhr, é a mais terrível forma de orgulho, isto porque apresenta-se travestida de uma falsa piedade. O homem envaidecido em seu orgulho moral, crê possuir a verdade absoluta e incondicional. Estabelece por si mesmo aquilo que considera bom como algo de valor universal. A chamada justiça própria, é a mais clara expressão de orgulho moral, levando o homem a autojustificar-se e ao mesmo tempo, ao constante julgamento e à condenação de seu próximo. Julgando por seus próprios padrões, este tipo de pessoa se julga boa, e ao julgar as outras pessoas por esses mesmos valores, conclui que, aqueles que discordarem de si são consideradas pessoas más. Niebuhr conclui afirmando que o orgulho moral é a pretensão do homem finito de transformar sua virtude condicional em justiça final e seus padrões morais em padrões absolutos.

A Palavra de Deus muito tem a dizer sobre o orgulho humano. De fato, o homem caído, deriva de seu Inimigo este pecado, tornando-se semelhante ao mesmo. Tanto é assim que Paulo, recomenda a Timóteo que não consagrasse alguém ao ministério pastoral se o candidato fosse alguém ainda novo na fé, um neófito portanto, porque poderia ensoberbecer-se e cair nesta mesma condenação do diabo (1Tm 3.6). O coração do homem é um coração soberbo e naturalmente arrogante. Há uma continuada condenação nas Escrituras contra a arrogância humana. Infelizmente, a natureza humana foi infectada pelo orgulho por intermédio da Queda.

O sábio Salomão afirma em Pv 16.5: Abominação é ao SENHOR todo o altivo de coração; não ficará impune mesmo de mãos postas.” O livro de Provérbios em si mesmo traz orientações e esclarecimentos excelentes sobre este pecado. Vejamos mais esta passagem: A soberba do homem o abaterá, mas a honra sustentará o humilde de espírito” (29.23). Não é o legítimo sentimento de dignidade pessoal ou o respeito que Deus abomina, mas sim, o amor-próprio, ou justiça própria como tão bem frisou Niebuhr, justiça esta que é soberba e indesejável, inteiramente desproporcionada, muito além do real valor que o indivíduo possui.

Mas são as palavras do Verbo feito carne, nosso Senhor Jesus Cristo, que dão um peso ainda maior às afirmações das Sagradas Escrituras desta marca do homem pecador. Ele disse isto sobre o coração do homem: Porque do interior do coração dos homens saem os maus pensamentos, os adultérios, as prostituições, os homicídios, os furtos, a avareza, as maldades, o engano, a dissolução, a inveja, a blasfêmia, A SOBERBA, a loucura. Todos estes males procedem de dentro e contaminam o homem” (Mc 7.21-23).

Há um remédio eficaz contra este e todos os outros pecados do coração humano. É o sangue do Cordeiro que foi vertido por nós e nos limpa de todo pecado (1 Jo 1.7). E ainda quanto ao orgulho, é necessário que o crente aprenda a antítese do mesmo que é a humildade. Jesus é o próprio ensinador desta virtude leia: Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, E APRENDEI DE MIM, que sou MANSO e HUMILDE de coração; e encontrarei descanso para vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve” (Mt 11.28-30).

O orgulho é a marca do homem caído. Se Jesus está em nossa vida, temos então, pela graça de Deus, a virtude de sermos iguais a Ele, exalando mansidão e humildade em todos os nossos tratos com outras pessoas. O Espírito Santo pode, agora mesmo, se nós admitirmos nossa natural inclinação à soberba, começar um trabalho transformador em nosso coração.

Por favor, pense nisto.

Nenhum comentário:

Postar um comentário